Com o início do confinamento nos Estados Unidos, devido à pandemia do Covid-19, a prática do aborto por meio da telemedicina cresceu. No país, o “teleaborto” é proibido em 18 estados e apesar disso, muitas mulheres solicitam o tratamento a distância para evitar possíveis infecções peloo vírus. O teleaborto também está disponível em países como Canadá, Austrália e Colômbia e cresceu em alguns devido à pandemia.
A pesquisador Maureen Baldwin já prescreveu pílulas para aborto para mais de cem mulheres que ela nunca viu pessoalmente. Há cerca de dois anos, a ginecologista e obstetra americana realiza “teleabortos”, uma modalidade relativamente recente que ganhou mais visibilidade em meio à pandemia do novo coronavírus.
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“Temos estado mais ocupados nos últimos dois meses”, diz Baldwin em entrevista à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC. Ela trabalha no Estado de Oregon (noroeste do país) para a Oregon Health & Science University (OHSU, na sigla em inglês).
A organização de pesquisa em saúde Gynuity, com a qual a dra. Baldwin colabora e que, sob o nome de TelAbortion, fornece um modelo de aborto medicamentoso orientado por telemedicina pioneiro no país. Neste ano, o número de mulheres atendidas pelo programa dobrou em março e abril. É o que explica Elizabeth Raymond, médica e porta-voz da Gynuity.
“As pacientes me dizem que querem evitar ir pessoalmente aos laboratórios ou consultórios médicos”, diz Baldwin sobre os últimos dois meses, quando começou a receber mais consultas enquanto os Estados Unidos se tornava o epicentro mundial da pandemia.
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O TelAbortion é o único programa americano que envia os medicamentos para o aborto por correio, com acompanhamento por videoconferências.
A médica explica que, antes de as pacientes receberem um kit que inclui os dois principais medicamentos para aborto, o mifepristone e misoprostol, ela solicita um ultrassom para verificar se a gravidez está abaixo ou dentro das 10 semanas de gestação necessárias para prescrever medicamentos e consultas por videoconferência.
O custo do tratamento TelAbortion pode variar de US$ 200 (R$ 1.120) a US$ 750 (R$ 4.200) nas 9 clínicas do país afiliadas à pesquisa. De acordo com o programa, disponível apenas em 13 estados e no Distrito de Columbia, as pacientes que se qualificam apenas vão a um centro médico para realizar exames de ultrassom ou sangue indicados por seu “telemédico”.
O tratamento pode ser indicado desde que o paciente esteja fisicamente presente em um estado em que o programa seja realizado no momento da teleconsulta, assim como o médico precisará ter uma licença médica no mesmo Estado, mesmo que esteja fisicamente em outra parte do país. De 2016 até 11 de maio deste ano, a equipe da Gynuity enviou 907 kits e confirmou 668 abortos.
Fonte – BBC News