Para começar essa coluna, vou usar uma frase no mínimo intrigante: “A pior forma de injustiça é tentar tornar iguais coisas desiguais” – Aristóteles
Se olharmos em volta, vamos perceber que, de verdade, nada e ninguém é igual, nem mesmo gêmeos univitelinos, pois até eles são diferentes embora pareçam iguais à primeira vista, até nosso corpo, não é igual: o lado esquerdo tem diferenças em relação ao direito.
O Professor também sabe disso: cada aluno em sua sala tem seu jeito de ser, seu ritmo de aprender, seus interesses, suas atitudes. A diferença, então, faz parte da vida embora nem sempre estamos preparados para acolhê-la
E quem é diferente?
Para muitas pessoas “diferente” são as pessoas com algum tipo de deficiência (intelectual, física, auditiva ou múltipla). Ou para outros, pessoas que se comportam de maneiras não convencionais. (“distúrbios de comportamento”, “déficit de atenção”, bipolaridade, crianças com dificuldades escolares…).
Será que só eles são diferentes! Pensem nisso! Tenho uma opinião formada a respeito das diferenças, para mim depende muito do ponto de vista de quem olha, não é?
Caetano Veloso, quando escreveu a música “Sampa”, brilhantemente colocou uma frase que me leva a pensar no ser humano e na forma que pensam: …”É que Narciso acha feio o que não é espelho”… Essa frase é incontestável e reflete justamente o que tentei dizer sobre as diferenças: Tudo o que não é considerado “normal” é diferente.
Durante toda a minha vida conheci muitas pessoas diferentes, que no fundo eram maravilhosas, especiais, com um conteúdo único, e é por isso que posso afirmar que qualquer diferença nos enriquece; é o oposto da aridez. “Somos iguais na diferença!”
Como fonoaudióloga e psicopedagoga atendi muitas “ diferenças” no decorrer desses anos de profissão. E o que é ser fonoaudióloga e como tratar essas “diferenças”?
Ser fonoaudióloga é ser única, é conseguir se comunicar de todas as maneiras, é reabilitar alguém que utiliza a voz para trabalhar e que por algum motivo está sem ela. É estudar todos os dias para obter conhecimento para ajudar uma criança com dificuldades de comunicação a falar corretamente é auxiliar uma criança com Distúrbios de aprendizagem a escrever e ler adequadamente, isso mesmo, voltamos a ser crianças juntoàs crianças durante as terapias.
Ser fonoaudióloga é descobrir a cada dia algo novo, é pesquisar formas de fazer alguém voltar a falar, a comer, ou buscar formas para que as pessoas consigam se comunicar mesmo que seja sem a fala… é poder buscar estratégias para trabalhar a concentração e a atenção de uma criança com hiperatividade.Éestudar, pesquisar, planejar, estudar…
Mas principalmente é compartilhar das alegrias e das tristezas daqueles que buscam nosso serviço, fazer do tratamento não uma obrigação e sim uma satisfação acima de tudo, buscando sempre melhorar a qualidade de vida das pessoas que passam e passarão por nossas vidas…
O amor nos ensina, e nos faz aprender a ensinar.