Sustentável

Produção de orgânicos cresce, mas Ministério defende uso do glifosato

Produção de orgânicos cresce, mas Ministério defende uso do glifosato

Em menos de 24 horas, duas manifestações oficiais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mostraram que em todo o país cresceu a produção e venda de alimentos orgânicos – sem uso de agrotóxicos – e que na contramão desta tendência a pasta briga pela liberação do glifosato, um veneno que teve seu uso proibido pela Justiça.

Tratam-se de cultivos e de produtos totalmente diferentes. As grandes plantações que usam os agrotóxicos em nada se comparam aos produtores orgânicos. Mas não deixa de ser significativo que o mesmo Ministério que reconhece maior desejo por alimentos saudáveis invista na pressão em defesa dos agrotóxicos. 

Segundo o Ministério, atualmente há 17.075 registros de entidades produtoras de orgânicos no país, das quais cerca de 70% dos produtores são de agricultura familiar.

O número é ainda maior se consideradas produções agroecológicas que não cumpriram todos os requisitos para registro, como é o caso de Marília que mantém pelo menos duas feiras rotineiras de venda de produtos sem o uso dos agrotóxicos, uma com produtores locais e uma da hoirta comunitária com produtores de Gália e Promissão.

Em 2013, eram apenas 6.700 registros. O último censo do setor, de 2006, mostra ainda que a agricultura familiar participava com 30% do valor bruto da produção agrícola e agropecuária no Brasil, o que representava em torno de R$ 12 bilhões, segundo dados do ministério.

GLIFOSATO

A divulgação do balanço acontece poucas horas depois de o ministro Blairo Maggi dizer em encontro na Fiesp que a proibição do uso do glifosato ameaça safras de milho e soja.

“Nós não temos um produto que substitua o glifosato nesta safra, neste período. Fica muito difícil levar adiante já que o Brasil planta 95% da sua área de soja e milho com plantio direto e o glifosato é a base desse processo. Não tê-lo significa não conseguir colher. Um prejuízo bastante grande”, disse.

Segundo o ministro, os produtores não estão preparados para uma interdição ao herbicida. “O glifosato é a base para a dessecação e o plantio direto. Nós não temos mais nas fazendas grades, arados, esses instrumentos mecânicos para preparar o solo. Tudo é na base química. Não usá-lo significa não ter a possibilidade de plantar”, acrescentou.