A professora Márcia Friggi, que ganhou visibilidade nacional com a denúncia de uma agressão por um aluno de 15 anos na escola onde atua, revelou nesta terça-feira que junto com uma onda de mensagens de apoio recebeu enxurrada de ataques e ameaças nas redes sociais.
As mensagens com frases como “apanhou pouco” e “se a senhora e vários outros professores se preocupassem em ensinar ao invés de imbecilizar os alunos, cenas como essa não existiriam nas escolas”, começaram a pipocar nas redes sociais.
A professora, que leciona língua portuguesa no ensino médio, bloqueou comentários de sua página depois de ler postagens como “você é cupada por incentivar o desrespeito, a falta de educação, o vitimismo e o coitadismo”.
Márcia Friggi respondeu com novas mensagens. “Não tenho condições de agradecer a todos de forma particular, como gostaria e como merecem. Da mesma forma, não posso me calar diante das manifestações de ódio as quais estou sendo alvo. Não estou surpresa, infelizmente, nunca esperei atitude diferente dessas pessoas.”
A professora disse que apesar dos ataques, não se sente intimidada. “O ódio não irá me calar, só fortalece a certeza de que sempre estive do lado certo. Estou cada vez mais convicta de que sempre lutei e continuarei lutando por um mundo melhor, livre do ódio, do racismo, do preconceito, do machismo, da misoginia, da homofobia, do fascismo. Dilacerada ainda, mas em paz!”
Márcia Friggi contou também que na sala onde esperou ser chamada para o exame de corpo de delito, que documenta os resultados da agressão que sofreu dentro da escola, encontrou muitas mulheres “cobertas por lenços e enormes óculos escuros, como eu”.
“Silenciosas, caladas, cabeça baixa. Talvez rememorassem milhões de vezes o momento da agressão, como eu. Talvez se perguntassem por quê, como eu. Talvez procurassem um fio de esperança. Eu não o encontrei.”