Raça e racismo no Brasil

Racismo é o preconceito/discriminação por cor ou etnia de determinado individuo, porém, para definir o que é de fato o conceito racismo, vemos que ele está atrelado ao conceito de raça, e por isso vou me aprofundar na explicação dos dois pautada na elaboração de  um antropólogo brasileiro–congolês, Kabengele Munanga, e da socióloga brasileira Maria Valéria Barbosa.

O conceito de raça segundo Munanga é de caráter político e sociológico, já que através de alguns estudos foi comprovado que não é correto se utilizar da palavra raça para diferenciar seres humanos, e no que tange o uso da palavra raça para distinguir indivíduos de etnias diferentes.

O conceito de raça se fundamenta na hierarquização dentro da espécie humana, ou seja, com um caráter de dominação e exclusão social, […] “racismo é um fato que confere à raça sua realidade política e social”

Já Maria Valéria Barbosa traz para o debate sobre raça e racismo através do que é o racismo no Brasil e no EUA. Enquanto no Brasil o racismo é o de marca (de fenótipo) o americano já caracteriza o racismo de origem (de sangue), e a partir disso percebemos que para entender o racismo no Brasil é necessário compreender todas as teias por de trás dele: o racismo brasileiro está envolto de mitos e ideologias.

Isto revela que o racismo se tornou uma forma de manutenção de poder, como aponta Munanga, e enquanto houver o racismo indivíduos brancos manterão seus privilégios sociais e as pessoas negras continuarão sendo exploradas e oprimidas. O problema disto está que, por mais que o Brasil seja uma mistura de etnias, a discriminação às pessoas de pele mais escura sempre existiu.

As teias do racismo se manifestam, e é onde que os termos raça e racismo se entrelaçam, ora para explicar que não há diferença entre raças ora para reforçar que há sim diferenças entre raças.

“Percebe-se então, que o racismo se apropria do conceito de raça para estabelecer ideologicamente parâmetro de supremacia de um grupo sobre o outro, sendo, todavia, racismo e raça conceitos distintos. Neste sentido, compreende-se por que, mesmo depois de toda a constatação que a ciência faz em relação ao conceito de raça, o racismo continua fortemente se reproduzindo: ele se reorganiza em função de novos eixos teóricos, assumindo, no momento atual, um caráter eminentemente social com novos significados, inclusive dentro da lógica de exclusão da sociedade capitalista” (Barbosa, 2010. P. 37).

Levando em consideração que no Brasil há uma ideia de democracia racial, é preciso se atentar que no país o debate em torno das questões étnicos e raciais giram ao redor do que chamamos de o mito da democracia racial, já que através da análise feita acima, o Brasil ainda é um país racista e se encobre da ideia de democracia racial, e assim se segue um país com grande desigualdade racial e social “que tem sido considerado ora como elemento de mascaramento das desigualdades sócio-econômicas entre negros e brancos, ora como expressão do ideário da mistura e do não-racialismo da sociedade brasileira” (Barbosa, pág 32).

Referências
BARBOSA, Maria Valéria. Raça e racismo e a exclusão educacional no brasil: [S.L.]: [s.n.], 2010.

MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. 3 ed. [S.L.]: Autêntica Editora, 2009.