– Como vê as relações de trabalho no país hoje
Péssimas. A estagnação da economia obriga as empresas a adotarem estratégias defensivas e espúrias de ajuste que significam demissões, intensificação do trabalho, cortes de gratificações e até rebaixamento de salários. Os ambientes de trabalho estão tensos e desalentados. Com o crescimento expressivo do desemprego e da informalidade, a gestão é pelo medo e estresse.
– De que forma a reforma trabalhista impacta nestas relações?
A Reforma Trabalhista foi uma fraude do Governo Temer, tal como a Reforma Previdenciária do Governo Bolsonaro. Enganam a população e o País afunda. A Reforma Trabalhista representou desestruturação do mercado de trabalho, precarização dos contratos e do estatuto salarial, obstrução do acesso a Justiça do Trabalho, falência dos sindicatos e negociação coletiva, redução brusca da demanda efetiva num cenário de profunda crise econômica. Nenhuma empresa se sustenta sem mercado interno de consumo. Politica macroeconômica neoliberal e Reforma trabalhista precarizadora estão levando o Brasil para a pior crise social de sua história republicana.
– O que aponta como maior necessidade de mudança para promover mais justiça nas relações de trabalho?
O Brasil precisa voltar a crescer economicamente e redistribuir renda, mas para isso, precisa resgatar o investimento público, pois a iniciativa privada não investe sem sinalização do Estado.
Entretanto isto implica mudar radicalmente a politica do governo eleito e fazer um conjunto de Reformas necessárias: Reforma Tributária (taxando ricos e o capital financeiro); Reforma Previdenciária (mantendo direitos e extinguindo privilégios); Reforma Tributária que resgate direitos trabalhistas (extinguindo a anterior feita com Temer); e a principal, Reforma do Estado, democratizando o sistema politico e jurídico hoje a serviço de interesses oligárquicos estranhos às necessidades da Nação.
Mas isso não vai acontecer. Desde o Golpe de 2016 o Brasil vive num Estado de Exceção e aqueles que afundaram a democracia estão no Poder e continuam aprofundando as politicas anti-povo.
A economia vai continuar estagnada, a desigualdade e a pobreza vão aumentar, os trabalhadores e a classe média devem se empobrecer mais ainda (principalmente se a inflação, por conta do dólar, voltar a crescer), o autoritarismo deve recrudescer… Enfim, caminhamos para uma crise social e institucional muito séria.
GIOVANNI ALVES, Professor livre-docente da UNESP-Marilia.
www.giovannialves.org