A empreiteira UTC , envolvida na Lava Jato , aprovou nesta quinta-feira em assembleia geral de credores um aditivo ao seu plano de recuperação judicial que prevê a venda de seu principal ativo, a subsidiária Heftos, para quitar seus passivos, bem como a venda de precatórios relativos a recebíveis no Piauí e no Maranhão.
A dívida total da UTC era de R$ 3,7 bilhões . O plano novo foi aprovado por mais de 95% dos credores presentes, em número e em valores de créditos. Segundo pessoas familiarizadas com o caso, a alienação dos ativos eliminaria praticamente todo o passivo da UTC, uma vez que credores aceitaram deságios. A empreiteira passaria a ser uma empresa dedicada exclusivamente a grandes obras de engenharia.
Pela proposta aprovada, a Heftos será colocada em uma Unidade Produtiva Isolada (UPI), instrumento que permite a venda apenas dos ativos, sem dívidas. A UTC foi assessorada pela consultoria Pantalica Partners e pelo escritório Leite, Tosto e Barros.
A Heftos foi criada em 2020 pela UTC com a segregação da divisão de manutenção de plataformas de petróleo da empresa. A subsidiária já angariou importantes contratos com a Petrobras.
Hoje, a Heftos é uma das líderes do segmento de manutenção de unidades industriais de petróleo e responde por cerca de 40% da receita do grupo UTC. A empresa tem sua base operacional em Macaé (RJ).
O plano da UTC, que precisa ser homologado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, foi aprovado após negociações com credores e duas tentativas frustradas de realização de assembleia.
A proposta inicial de aditivo da UTC previa a concessão de um financiamento DIP (que garante ao credor prioridade no recebimento dos créditos) de até R$ 35 milhões que oferecia como garantia do empréstimo um imóvel em Macaé que originalmente é, também, garantia dos debenturistas, o que inicialmente gerou resistência dos credores que tinham debêntures da UTC.
A construtora Azevedo & Travassos é a provável compradora da Heftos. A companhia apresentou, em 15 de fevereiro, uma carta-proposta pública de aquisição do ativo, que será leiloado.
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A oferta da Azevedo & Travassos foi aprovada agora pelos credores da UTC. Ela inclui uma proposta vinculante de até R$ 200 milhões pela UPI Heftos e eleva o DIP a ser dado pela empresa para até R$ 40 milhões, ainda com o imóvel de Macaé como garantia.
Pela estrutura da proposta, o pagamento pela Helftos vai ser parcelado até 2031. Faz parte do pagamento o crédito a ser quitado do DIP. Outros R$ 60 milhões serão pagos à vista quatro meses depois do leilão em caso de vitória da proposta da Azevedo & Travassos, se a aquisição for de fato homologada.
Há ainda uma parcela de até R$ 40 milhões a ser paga em janeiro de 2026, condicionada ao eventual faturamento de R$ 1 bilhão da Heftos entre 2021 e 2025. Se em determinado ano a receita atingida pelo ativo for menor que R$ 200 milhões, haverá um desconto proporcional de 20% no valor a ser pago à UTC pela Azevedo & Travassos.
Se a receita for superior a R$ 1,8 bilhão no período, a Azevedo & Travassos deverá pagar 3,5% da receita excedente como compensação à UTC em 2026.
Outros R$ 60 milhões serão pagos em cinco parcelas anuais, de 2027 a 2031, também condicionados ao faturamento mínimo de R$ 1 bilhão entre 2021 e 2025.
O novo plano de recuperação judicial também prevê que os debenturistas recebam precatórios da UTC relativos a ativos no Maranhão. O ativo será aceito como pagamento das debêntures.
O aditivo também conta com uma proposta vinculante do banco BTG em troca de precatórios referentes a precatórios no Piauí.