Depois de decidir pelo fim da produção de veículos no Brasil, em janeiro , a Ford anuncia agora que vai investir no aluguel de carros por assinatura no Brasil, com foco no setor luxo.
Os modelos já disponíveis em 200 cidades são as versões da picape Ranger e da SUV Territory. Os exemplares são importados da China e da Argentina, respectivamente.
A contratação da assinatura é totalmente digital, mas tanto a retirada quanto o suporte ao cliente serão feitos em concessionárias da rede da Ford no país.
O movimento da montadora acompanha uma tendência já adotada por outras companhias do setor, como Fiat e Volkswagen.
A entrada no mercado de assinaturas de carros e o serviço voltado para apoio são indicativos de como a empresa vai atuar no Brasil daqui para frente, depois da reestruturação anunciada que resultou na demissão de milhares de trabalhadores.
A Ford foi a primeira montadora de automóveis a atuar no Brasil, em 1919. As fábricas em Camaçari (BA) e Taubaté (SP) foram fechadas quando a montadora americana divulgou a decisão de sair do Brasil.
Só uma fábrica no Ceará continuará operando até o quarto trimestre de 2021.
Montadoras avançam na locação
Montadoras como a Ford perceberam o potencial do mercado de aluguel de carros ao identificar a mudança no comportamento dos consumidores e a crescente participação das locadoras de veículos no total de suas vendas.
Segundo o coordenador acadêmico dos Cursos Automotivos da FGV, Antônio Jorge Martins, nos últimos três anos, as locadoras de veículos têm sido responsáveis por cerca de um terço do total de vendas de carros no país.
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Isso gerou o interesse nas fabricantes de criar suas próprias operações. E o modelo escolhido por elas foi o de assinaturas, no qual o cliente fica com um carro por um período longo em troca de uma mensalidade que inclui seguro, manutenção e impostos.
Os contratos costumam ser de 12 meses ou 24 meses com veículos de zero quilômetro atrelados a uma franquia de quilometragem mensal.
“Uma das vantagens do negócio para as montadoras é aumentar a margem de lucro das vendas e a possibilidade de desovar o estoque de carros, especialmente os mais caros. No aluguel, os veículos novos parados se tornam rentáveis”, observa Martins.
Recentemente, Mitsubishi e Volkswagen lançaram seus programas de assinatura no Brasil. Na japonesa, a operação funciona em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. A fabricante alemã ainda atua apenas em São Paulo.
A Fiat com a Jepp, ambas marcas do grupo Stellantis, lançaram em janeiro a Flua!, que hoje atua em 16 Estados e conta com 103 concessionárias.
Nelas, o cliente pode escolher entre contratos de 12, 24 e 36 meses, com franquias de mil, dois mil ou três mil quilômetros para rodar por mês. Os valores partem de R$ 1.199 do modelo mais simples, o Fiat Mobi Trekking.
No caso da Ford, os modelos para locação são as versões da Ranger (XLS, XLT, Limited, Storm e a nova Black) e do Territory (SEL e Titanium), com mensalidade a partir de R$ 3.700.
Para o consumidor, um dos atrativos do aluguel é ter carros novos na garagem gastando menos do que se fosse comprar um. Mas Martins alerta que é preciso pôr na ponta do lápis todas as despesas para ver se isso é verdade em cada orçamento pessoal.
A conta a ser feita, segundo ele, é somar todos os custos que o motorista teria com o carro, como parcelas, seguro, emplacamento, IPVA e revisão do período contratado.
Em seguida, abate-se essas despesas do valor estimado da venda do veículo no final do contrato, que embute a depreciação do valor do veículo. Se o saldo for menor do que o gasto total com aluguel, vale a pena a locação.