Após manifestações do setor produtivo criticando a proposta de mudanças no Imposto de Renda do governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes , declarou que não há qualquer mal estar com o empresariado.
“A relação com os empresários está ótima . Todo mundo entendeu”, disse o ministro após deixar reunião, neste sábado.
Nesta semana, Guedes se encontrou com empresários um dia após um grupo de 120 entidades enviar uma carta para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pedindo tempo para discussão do texto. Hoje, pela manhã, o ministro se reuniu com a sua equipe e com o relator do projeto de lei que altera as regras do imposto de renda para pessoas físicas e empresas, o deputado Celso Sabino (PSDB-PA). Foram discutidos ajustes na proposta, segundo Guedes.
“Estamos só recalibrando, é dosimetria”, afirmou, sem detalhar quais pontos foram abordados.
O principal nó gira em torno do imposto de renda para pessoas jurídicas (IRPJ) e tributação de dividendos. O governo propôs um corte de 5 pontos percentuais (p.p.) no imposto das empresas, escalonado em dois anos. Como contrapartida, lucros e dividendos seriam tributados em 20%, com isenção até R$ 20 mil voltada a micro e pequenas empresas.
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A sugestão foi mal recebida pelo setor produtivo, que alegou elevação da carga tributária. Com essa repercussão negativa, Guedes passou a defender uma revisão das alíquotas e sugerir o corte de subsídios para ampliar a redução do imposto das empresas.
Nos bastidores, o ministro defende um corte de R$ 40 bilhões em subsídios concedidos pelo governo como forma de viabilizar a redução de 10 p.p. do imposto de todas as empresas já em 2022.
Nesta semana, 120 associações empresariais criticaram a reforma tributária defendida pelo governo. Em carta, pediram que a Câmara dos Deputados instale uma comissão especial para discutir a proposta, sem açodamento.
“Não é recomendável que uma proposta tão complexa, extensa e impactante como a Reforma do Imposto de Renda tramite apressadamente, sob risco de serem cometidos graves erros, de difícil reparação futura”, diz o texto.
Um dia após a divulgação dessa carta, Guedes se reuniu com líderes empresariais em São Paulo, e prometeu corrigir “distorções” do texto. Além disso, ele também se comprometeu a não votar a proposta antes do recesso parlamentar, que deve iniciar na metade deste mês.