O empresário Samuel Klein, 91, fundador da rede de lojas Casas Bahia, morreu na manhã desta quinta-feira (20) em São Paulo. Ele estava internado há 15 dias no Hospital Albert Einstein. Em comunicado divulgado à imprensa, a empresa lamentou o falecimento do fundador e ressaltou seu “espírito empreendedor”, destacando sua contribuição para o desenvolvimento do varejo brasileiro.
“Foi a visão e o pioneirismo de Samuel Klein na oferta de crédito às camadas populares da população que possibilitou a realização dos sonhos de milhões de famílias brasileiras”, informa a nota.
Samuel Klein nasceu em Lublin, na Polônia, em uma família judaica. Aos 19 anos, foi enviado pelos nazistas a um campo de concentração. Após a guerra, viveu na Alemanha e Bolívia, até chegar a São Caetano do Sul, no Grande ABC.
Polonês naturalizado brasileiro, ele deixou a Europa durante a Segunda Guerra Mundial e se estabeleceu em São Caetano do Sul, no ABC. Nascido em Lublin em 1923, ele foi o terceiro de nove irmãos. Chegou a ser preso aos 19 anos pelos nazistas e enviado com o pai para o campo de concentração em Maidanek, na Polônia, enquanto a mãe o cinco irmãos foram exterminados no campo de Treblinka.
Ele relatava que, no campo de trabalhos forçados, sobreviveu graças às habilidades de carpinteiro. Samuel conseguiu fugir durante uma transferência de presos em 1944. Depois, foi para Munique em busca do pai. Após um período vendendo artigos para as tropas aliadas, se mudou em 1951 para a América do Sul.
Na década de 1950, Samuel Klein começou a vender roupas de cama, mesa e banho de porta em porta pelas ruas de São Caetano do Sul. Em 1957, ele comprou sua primeira loja na cidade, e a batizou de Casas Bahia em homenagem aos imigrantes nordestinos. No livro “Samuel Klein e Casas Bahia – Uma Trajetória de Sucesso”, lançado em novembro de 2003, Samuel Klein registrou suas memórias.
“Que país abençoado esse Brasil. O povo também é pacato e acolhedor. O Brasil é um país que dá oportunidades para quem quer trabalhar e crescer na vida. Cresci junto com o Brasil. Não fiquei parado vendo o país crescer”, dizia o empresário, autor de outras frases de efeito, como “o segredo é comprar bem comprado e vender bem vendido” ou “a riqueza do pobre é o nome. O credito é uma ciência humana, não exata. Não importa se o cliente é um faxineiro ou um pedreiro, se ele for bom pagador, a Casas Bahia dará credito para que ele resgate a cidadania e realize seus sonhos.”