O presidente da Petrobras , general Joaquim Silva e Luna , opinou sobre a venda de ativos da companhia na audiência pública realizada nesta sexta-feira (25) na Câmara dos Deputados .
Mais de dois meses após substituir Roberto Castello Branco à frente da maior empresa do país controlada pelo governo federal, Luna alegou a necessidade da Petrobras de “importar combustíveis”
Para o coordenador da Federação Única de Petroleiros ( FUP ), Deyvid Bacelar, as análises econômico-financeiras já mostraram que a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) e de outras plantas não irá contribuir para reduzir significativamente o endividamento da Petrobrás, como alegam Luna e “os defensores desse processo de privatização disfarçado”.
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“O endividamento cresceu, que fique claro, justamente porque a empresa precisava investir no pré-sal, que agora está se convertendo em dinheiro no caixa da empresa”, disse.
A corretora financeira XP Investimentos apontou, em fevereiro, que, do ponto de vista de redução do endividamento, o desinvestimento da RLAM representa uma redução de (0,06)% sobre os últimos níveis de Dívida Líquida / EBITDA reportados pela Petrobras de 2,33x (no 3T20).
Bacelar aponta que Luna não tratou do atual fator de utilização (FUT) das refinarias da companhia, que varia entre 60% e 80%. “Ou seja, podemos produzir mais combustíveis aqui, só não o fazemos por uma decisão empresarial equivocada da gestão da Petrobrás que prefere exportar petróleo crú e importar derivados”, opina.
Ele também aponta que dizer que a privatização de refinarias vai atrair novos agentes econômicos e aumentar a concorrência é falso. De acordo com um estudo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), encomendado pela associação de distribuidoras Brasilcom, há um grande risco de criação de monopólios privados com a venda dessas plantas.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostrou, em 2018, que a privatização de refinarias não iria abrir o mercado, mas sim criar monopólios para a iniciativa privada.
“Isso significa pressão ainda maior sobre os preços dos combustíveis, sem qualquer ganho de concorrência. Significa que a população brasileira, que já paga muito caro pelos derivados de petróleo, ficará refém desses investidores”, afirmou o líder sindical.