Em sabatina no Senado, nesta quarta-feira (07), o diretor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello, confirmou que o reajuste anual dos planos de saúde individuais será negativo , como informou o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo . Segundo ele, o índice de correção das mensalidades será divulgado nesta quinta-feira (08) pela agência.
O motivo do percentual negativo de reajuste foi a queda de 82% para 74% nos atendimentos dos usuários, de consultas a cirurgias, a chamada sinistralidade, no ano passado, devido ao isolamento social causado pela pandemia de Covid-19 .
O índice se refere à chamada sinistralidade, que caiu por causa do isolamento social imposto pela pandemia. Ainda que os casos de Covid-19 tenham mobilizado emergências e internações, os planos gastaram menos com procedimentos ambulatoriais e eletivos.
No ano passado, planos ficaram 8,14% mais caros
Em 2020, os contratos de planos de saúde individual tiveram um aumento máximo de 8,14% determinado pela ANS.
“Amanhã nós divulgaremos o percentual de reajuste. E esse valor será negativo sim, que é exatamente o reflexo da baixa sinistralidade que houve no ano passado”, afirmou Rebello ao ser perguntado sobre o assunto pela senadora Zenaide Maia (Pros/RN).
“Em razão da pandemia que nós vivemos em 2020 e ainda estamos vivendo, houve uma redução da sinistralidade nos planos, ou seja, as pessoas deixaram de sair das suas casas, de procurar o sistema de saúde, ocasionando, portanto, uma redução desse serviço”, concluiu.
Contrariadas, operadoras apelaram ao Ministério da Economia
As operadoras tentaram reverter esse índice negativo junto ao Ministério da Economia, reduzir o percentual e até zerar, mas não foram bem sucedidas. O argumento das empresas do setor é que no próximo ano o índice sera superior a 10% e que uma queda na redução deste ano poderia neutralizar o aumento em 2022.
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Essa análise visando dois anos proposta pelas operadoras havia sido cogitada, no ano passado, pela ANS para que não houvesse reajuste em meio a pandemia, mas foi rejeitada pelo setor que alegava a impervisibilidade dos meses que se seguiriam.
O fato é que mais de um ano depois de iniciada a pandemia, nenhum dos prognósticos das empresas de planos de saúde se confirmou: a inadimplência se mantém estável e a sinistralidade, determinada pela relação de arrecadação e o gasto com procedimentos médicos, está abaixo dos índices de 2019, segundo o último boletim da ANS, do mês de maio. E o setor ainda aumentou o número de clientes ativos.
Rebello explicou que, em 2020, o reajuste foi acima da inflação, por refletir o que aconteceu no setor no ano anterior. Ou seja, o que se contabilizou em 2019 em termos de consumo e sinistralidade foi cobrado no ano seguinte.
“O reflexo de 2020, nós estamos cobrando agora, a partir de 2021, que é o que vamos fazer amanhã, quando teremos uma reunião da diretoria colegiada, em que soltaremos os valores com relação ao reajuste individual”, explicou.
Como a data-base é maio, a cobrança é retroativa e escalonada pelo número de meses em atraso para a aplicação do índice.Ou seja, na fatura de agosto compensa o que deveria ter sido aplicado em maio, em setembro, junho e assim até zerar a diferença.
Os planos de saúde individuais representam 20% do mercado. O reajuste se aplica aos planos com aniversário de contrato entre maio deste ano e abril de 2022. A expectativa é que cresçam as pressões para que os planos coletivos tenham reajustes menores.
Candidato ao cargo de presidente da ANS, Paulo Rebello pode ter perdido tempo, ao ser sabatinado pelo Senado. Isto porque, na noite de terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro retirou sua a indicação. Uma das teorias a respeito da suspensão repentina do nome de Rabello seria sua ligação com Ricardo Barros.