Seja por problemas físicos, motores, auditivos e até visuais, um animal pode nascer ou adquirir certas deficiências ao longo da vida, mas isso não é um impeditivo para você ter um pet. O fato é, que com algumas adaptações, eles podem ter qualidade de vida e espalhar amor a seus tutores – apesar de ainda existir muito preconceito ou desinformação no trato com eles.
Conforme a cartilha de cuidados de pets com deficiência, do Instituto Cão de Rodinhas, que em sua 2ª edição conta com novos capítulos em colaboração com a Petlove – projeto Love que Transforma, existem alguns sinais que podem indicar alguma deficiência no animal:
- Dificuldade para andar, correr, subir escadas, manter o equilíbrio ou mancar;
- Falta de reação a sons, como deixar de responder quando chamado ou quando alguém chega;
- Esbarrar em objetos, dificuldade para encontrar pessoas, comida ou água;
- Desorientação, mudanças repentinas no comportamento, nos hábitos alimentares ou de sono, perda de habilidades que já tinha ou incontinência urinária.
Equipamentos e itens de cuidados
Em relação aos equipamentos, Pedro Risolia, médico-veterinário da Petlove, explica que, em geral, todos os casos de deficiência animal devem ser avaliados, recomendados e acompanhados por um profissional. “Antes de adquirir algum equipamento para o pet deficiente, consulte um veterinário para entender a necessidade e evitar inadequações”, ressalta.
Abaixo, confira alguns equipamentos e itens que podem ser utilizados por animais – dependendo do tipo de deficiência:
1. Cadeira de rodas
Geralmente, tutores de pets com alguma paraplegia ou menor mobilidade, quando não orientados corretamente, acreditam que a cadeira de rodas deve ser usada o dia todo. No entanto, esse é um dos mitos que a cartilha do Instituto Cão de Rodinhas quebra com a informação e orientação correta.
Por segurança, o equipamento deve ser usado no máximo por 40 minutos por vez e sempre com supervisão do tutor. Ele é um equipamento de exercício que ajuda o bichinho a gastar energia, brincar com demais animais com mais agilidade, manter a coluna em estação (posição anatômica de 4 apoios) por alguns momentos no dia, além de auxiliar na fisioterapia.
Segundo a cartilha, uma cadeira de rodas para uso animal deve ser submetida ao aval de um veterinário e deve ser feita sob medida do pet. Para estes casos, na maior parte do tempo, o pet deve ter um saco de arrasto com proteção, e é preciso ter atenção à prevenção de feridas, de modo a evitar infecções.
Um animal com deficiências físicas, após uma avaliação veterinária, pode precisar de prótese, que substitui a parte do corpo faltante, ou órtese, que auxilia o membro a executar sua função, não sendo necessária a tão famosa cadeira de rodas.
2. Fraldas
Segundo a cartilha do Instituto Cão de Rodinhas, cães e gatos com paralisia podem não ter controle da urina, podendo apresentar sinais de incontinência, sendo preciso a utilização de fraldas. Em geral, a troca deve ser feita em torno de quatro ou cinco vezes ao dia, para evitar assaduras e infecções, podendo variar conforme a necessidade do animal.
A higienização da região íntima do pet deve ser feita com lenço umedecido ou até com antisséptico, para evitar o acúmulo de bactérias no local. O esvaziamento da bexiga deve ser feito de forma completa, no mínimo de três a quatro vezes por dia, conforme o volume de produção urinária de cada animal.
3. Peitoral para cães com deficiência visual
Segundo o médico-veterinário da Petlove, Pedro Risolia, em relação aos cachorros com deficiências visuais, um peitoral específico pode ser usado, facilitando a locomoção do animal. “O item pode proteger a cabeça de atritos e acidentes, reduzindo o risco de lesões”, ressalta.
4. Plataformas de equilíbrio
Pedro Risolia afirma que as plataformas podem ser benéficas para atividades físicas. Existem produtos como plataformas de treinamento, bolas, suportes e discos específicos para o equilíbrio do animal. Essa categoria mais voltada ao equilíbrio pode ajudar no condicionamento físico, construção de músculos, melhora na coordenação e na promoção de força, podendo, ainda, ser útil no processo de reabilitação dos animais.
5. Suporte pélvico
O médico-veterinário da Petlove explica que o produto ajuda o pet em sua mobilidade, pois alivia a pressão nas patas traseiras e articulações, distribuindo o peso pelos quadris e abdômen. “Seu uso é indicado para auxiliar em atividades como levantar, caminhar e subir escadas”, complementa.
6. Protetor de membros
Pedro Risolia descreve que o acessório é recomendado para proteger curativos, talas, feridas, podendo ser útil até mesmo em pós-cirúrgico. O protetor impede que o animal tenha acesso à área sensível, evitando lambidas e coçadas que possam agravar a lesão.
7. Fisioterapia
Conforme a cartilha do Instituto Cão de Rodinhas e da Petlove, a fisioterapia é um dos métodos mais eficazes para ajudar os animais com a melhora da mobilidade, prevenção de dores de compensação, fortalecendo os músculos e reduzindo a atrofia. Além disso, a fisioterapia estimula a circulação sanguínea, ajudando na recuperação de lesões e cicatrização.
O serviço pode trazer uma série de benefícios como manutenção da massa muscular; melhora da amplitude de movimento das articulações; preservação das articulações; melhora da coordenação e equilíbrio; retorno à locomoção em lesões reversíveis; manutenção da qualidade de vida para animais com lesões irreversíveis; controle da dor, diminuição da inflamação, aceleração da reparação de tecidos; melhora da propriocepção – consciência corporal e minimização de sequelas neurológicas.
Importância da alimentação equilibrada
A cartilha propõe que a alimentação de qualidade e balanceada é essencial para animais com deficiência, sendo possível tratar e prevenir diversas condições clínicas por meio dela. Uma dieta equilibrada e atenção às quantidades pode proporcionar uma vida mais longa e feliz, além de impedir o desenvolvimento de condições que podem prejudicar o quadro clínico dos animais.
O conteúdo veterinário adicionado pela Petlove como colaboração para o material do Instituto Cão de Rodinhas apresenta a ideia de que pets com deficiência podem ter o sistema imunológico mais frágil ou precisar de um aporte maior de alguns nutrientes. Isso pode ser decorrente de vários motivos, dependendo até do tipo de deficiência, sendo necessária recomendação veterinária para montagem ou ajuste da dieta.
“Deve-se consultar um profissional para montar um plano alimentar, já que vários aspectos devem ser levados em conta, como a espécie, raça, idade, porte, deficiência e até individualidades”, reforça o veterinário da Petlove.
Por Gustavo Mattos