A empresa Sprimg Sports, que a atual diretoria do MAC (Marília Atlético Clube) contratou desde 2012 para ser gestora do futebol profissional é uma microempresa individual criada para agenciamento de atletas. Mais. Usa como endereço a sede Estádio Municipal Bento de Abreu, um prédio público.
A empresa chegou ao Marília em 2011 para cuidar do time de base. Em maio daquele ano foi registrada como ME Individual junto à Receita. No ano seguinte passou a cuidar do futebol profissional e gerir todo o orçamento do clube. O presidente do MAC, Ednaldo de Souza, disse ontem não saber quanto a microempresa fatura com o contrato.
A relação só acabou nesta semana em meio a (mais) uma crise financeira do clube em que a falta de informações é um dos principais argumentos do clube, apesar de o presidente assinar todos os contratos. A gestora, que só nesta temporada pretendia administrar R$ 2,4 milhões do clube, está registrada na Receita Federal com o nome da “presidente” como Regiane Aparecida de Souza Agenciamento de Atletas ME.
A atividade da empresa é direcionada como agenciamento de profissionais para atividades esportivas, culturais e artísticas. Mas pelo contrato, a Sprimg Sports recebia todo o dinheiro do Marília, pagava salários, honorários, contratava em nome do clube, demitia e fazia contratos com terceiros, como reserva de hotéis, viagens e outros.
reprodução youtube
Festa em 2013 comemora um ano da relação MAC/Sprimg Sports
A condição de microempresa pode explicar algumas dúvidas sobre o formato do contrato. A Sprimg Sports gerenciava mas a direção do clube assinava tudo: contratos, registros em carteira (a empresa não pode registrar mais que um funcionário), patrocínios e atuação junto à Federação Paulista de Futebol.
O contrato estabeleceu uma multa milionária para ruptura, que a empresa deve tentar cobrar em juízo. Os advogados que representavam a microempresa acabaram sendo os advogados do Marília, que só a partir da ruptura buscou novo escritório.
O contrato explica também porque apesar de ter até um “superintendente”, Sérgio Roberto Melle, a empresa individual era representada em todos os atos legais pela proprietária e “presidente” Regiane Aparecida de Souza, esposa de Sérgio mas que não usa o sobrenome Melle no registro oficial da marca.
Divulgação
Sérgio Melle “superintendente” da Sprimg Sports
Ednaldo Souza disse ontem que se quiser receber a multa, a Sprimg Sports terá que ir à Justiça. Afirmou também que a empresa não vinha pagando salários de funcionários, não apresentou guias de recolhimento de FGTS, INSS e outras contribuições obrigatórias.
A Sprimg Sports ficou responsável, por exemplo, por decidir o futuro dos R$ 500 mil recebidos como primeira parcela dos direitos de imagem do clube junto à Federação Paulista. Apenas R$ 192 mil chegaram efetivamente ao MAC. O resto perdeu-se em retenção judicial e pagamento dos advogados da Sprimg Sports.
Pior. Desse dinheiro, apenas parte dos salários de jogadores e comissão técnica foi paga. Quanto sobrou para a Sprimg? O MAC não sabe.
A empresa também gerenciou o primeiro e único jogo disputado pelo clube em casa nesta temporada. A renda, próxima de R$ 65 mil, deveria provocar um depósito judicial de 30% do rendimento bruto, algo em torno de R$ 18 mil. Mas a renda líquida – descontada todos os custos do jogo teria ficado em R$ 13 mil. A Sprimg Sports depositou 30% deste valor na Justiça, segundo Ednaldo Souza.
E o resto, fica como dívida para o MAC? “Então, fica. E são esses dados que queremos checar”, disse o presidente. A apuração vai mostrar se ao final destes anos à frente do futebol profissional a microempresa Sprimg Sports perde a gestão de o faturamento, mas sai do Abreuzão como entrou, micro com o casal de gestores, e se a conta fica mesmo com o MAC.
(Versão atualizada do texto com correção de informações sobre limites de faturamento. Diferente de microempreendedor individual, a micromepresa individual não tem limite de faturamento)