O cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Paulo, 95, faleceu nesta quarta-feira no Hospital Santa Catarina onde estava internado desde novembro em consequência d euma broncopneumonia.
D. Paulo tinha 50 anos de bispado em uma vida de dedicação à Igreja e seus fiéis que começou em 1939, quando ingressou na Ordem Franciscana. Formado em teologia e filosofia, foi ordenado sacerdote em 1945.
Foi bispo e arcebispo de São Paulo entre os anos 60 e 70, trabalhou como jornalista, professor e escritor.Desenvolveu importantes programas de atendimento social na capital, especialmente na zona norte da cidade.
Mas sua atividade de maior repercussão nacional foi a defesa dos direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1989). Foi um ativo militante contra a tortura e morte de presos políticos e a campanha pelas diretas já, na década de 80.
Em 1972 criou a Comissão Justiça e Paz de São Paulo e, como presidente regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), liderou a publicação do “Testemunho de paz”, documento com fortes críticas ao regime militar que ganhou ampla repercussão à época.
Presidiu celebrações históricas na Catedral da Sé em memória de vítimas da Ditadura Militar, como nos assassinatos do estudante universitário Alexandre Vannucchi Leme, assassinado em 1973, e do jornalista Vladimir Herzog, em 75.
Atuou contra a invasão da PUC em 1977, em São Paulo, comandada pelo coronel Erasmo Dias, à época secretário de Segurança. Acompanhou a primeira visita do papa João Paulo II ao Brasil, em 1980.
Em 1985, criou a Pastoral da Infância, com o apoio de sua irmã, Zilda Arns, que morreu no terremoto de 2010 no Haiti, onde realizava trabalhos humanitários.
Em 28 anos de arcebispado, criou 43 paróquias, construiu 1200 centros comunitários e apoiou mais de 2000 comunidades eclesiais de base (CEBs) na capital paulista.
D. Paulo foi internado no dia 28 de novembro para tratar de problemas pulmonares. Com o passar do dia o estado de saúde piorou e ele teve de ir para a UTI por causa de dificuldades na função renal.
O velório de D. Paulo será na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, e deve durar 48 horas. Ele deve ser sepultado na cripta da catedral.