Marília

Audiência revela: epidemia começou em outubro, era risco desde 2013 e vai crescer

Audiência revela: epidemia começou em outubro, era risco desde 2013 e vai crescer

Marília entrou em quadro de epidemia de dengue em outubro, mais 60 dias antes de a primeira morte ser registrada, mas isso não teve divulgação oficial. A epidemia era um risco esperado desde 2013. E isso também não foi revelado. O volume de contaminados deve continuar a crescer por alguns dias e não há como estabelecer prazo para acabar com o problema.

As informações foram reveladas nesta quarta-feira durante audiência pública na Câmara de Marília para prestação de contas do trabalho da Secretaria Municipal de Saúde nos últimos quatro meses de 2014.

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DO SECRETÁRIO

DURANTE AUDIÊNCIA

A audiência consumiu mais de três horas de explicações, perguntas e respostas. Mas a assessoria técnica precisou de dois minutos para definir o quadro da cidade. “O mosquito é um vetor com alta capacidade de adaptação, estamos em quadro de epidemia desde outubro. Quanto mais doentes, mais mosquitos infectados vão haver. O risco é cada vez maior. Março ainda será um problema. Não é brincadeira”, disse o coordenador da Divisão de Zoonoses, Lupércio Garrido.

Ele explicou que os criadouros dos mosquitos surgem em calhas, caixas de água com tampas rachadas, pontos de difícil acesso nas casas. “Não acho que os agentes vão conseguir subir em todas as calhas, todas as caixas de água. Não dá para por uma escada na mão de cada agente. Não tem uma pessoa que possa dizer: eu tenho a solução”, explicou o coordenador.

A resposta para a epidemia segue a mesma: limpar, com ampla participação popular, e ações permanentes da prefeitura. E a principal pergunta sobre essas ações ficou sem resposta: a prefeitura demorou em tomar medidas?

O secretário Luiz Takano, que foi à Câmara com toda assessoria para apresentar as contas fez longas explicações sobre os procedimentos para nebulizar inseticida, explicou o que foi feito já depois de a epidemia instalada mas não deu uma resposta direta sobre o impacto das ações antes da epidemia.

Outra indicação de que a prevenção falhou está na resposta do secretário sobre a transmissão da doença no inverno. Com a queda da temperatura, o número e a mobilidade dos mosquitos deveria cair e com eles também cairia número de casos.

Não foi o que aconteceu. Em junho de 2014 o número de casos manteve alta, até atingir a epidemia.

SUSPEITAS

O vereador Cícero do Ceasa levantou ainda suspeita de fraudes nas informações sobre a empresa Agroatta, contratada por R$ 1,2 milhão para atuar no controle da doença. Segundo o vereador, a sede da empresa é uma casa vazia, onde nada funciona, em Três Lagoas (MS). A empresa teria ainda outro registro, de filial, em Jales (SP).

O vereador Mário Coraíni Júnior afirmou também que a empresa terceirizou serviços e que a falta de funcionários treinados é um indicador de que a empresa não é especializada nem foi contratada pronta para atender o estado de emergência na cidade.