O padre Edson de Oliveira Lima, que atua na paróquia da Sagrada Família, na zona Norte, foi condenado a oito meses de prestação de serviços comunitários por ofensas ao ex-prefeito Vinícius Camarinha.
A divulgação da sentença provocou onda de manifestações nas redes sociais e mídia. Em resposta às mensagens, padre Edson divulgou uma carta aberta em que fala sobre o caso, as acusações e sua postura sobre a condenação.
O padre foi condenado por um discurso durante manifestação pública em outubro de 2015 contra a privatização do Daem. Segundo a queixa apresentada pelo ex-prefeito, o padre chamou o então prefeito de “mentirinha”, “canalha”, “sem vergonha”, “safado” e “ladrão”.
A pena foi de oito meses em regime aberto, convertido em prestação de serviços comunitários. O padre terá direito a recurso contra a decisão. Na mensagem divulgada nas redes sociais, disse que usou “palavras que não devia, embora as tenha proferido defendendo o município”. Veja a mensagem divulgada pelo padre.
“Perguntam o que está acontecendo?
Fui sentenciado a 8 meses de trabalhos voluntários pela justiça dos homens. Eles optaram por essa sentença porque julgaram que cometi um ato indevido, usei palavras que não devia. Embora as tenha proferido defendendo o município contra a iminente, indesejável e nociva concessão do departamento de água e esgoto de Marília (Daem).
Parece que nesses nossos tempos expressar a verdade seja um fato indevido, subversivo e até profético, quando o imperativo da mentira, da barganha e da corrupção estão na ordem do dia.
Por onde passei sempre fui um benfeitor, um padre amigo das comunidades e muito quisto pelas pessoas. Perguntem ao povo de Lucélia, Inúbia Paulista, Pracinha, Flórida Paulista, Junqueirópolis, comunidades por onde exerci meu ministério. Como padre que sou o que fiz foi ajudar os pobres, acolher os sofridos, suscitar esperança aos desanimados e trazer alegrias aos tristes, sempre promovi a pessoa humana porque faz parte da minha vida, da minha vocação e da minha fé no Deus de Jesus de Nazaré, a quem sirvo através do meu modo de vida, no ajudar, no amar e no servir os que de mim precisam.
Sempre por onde passei fiz o bem e ajudei a construir a fraternidade e a solidariedade, mas aqui alguns se sentiram incomodados com meu modo de ser. Por que?
Será que foi porque defendi os moradores de rua, que foram espancados e violentados? Ou por que reivindiquei ruas descentes e não buracos e pedi que resolvessem o problema da água?
Na verdade o que está acontecendo é reflexo por ter colaborado para que a cidade de Marília, SÍMBOLO DE AMOR E LIBERDADE, não fosse mais espoliada e desgastada com as constantes mazelas já conhecidas das cepas políticas que se perpetuavam no governo.
Não tenho tristeza, tenho indignação!
Diante dos diversos abusos de poder econômico, das influências das mídias manipuladas e de certa forma da cegueira de quem não consegue ver o mal que está à nossa frente, ou simplesmente se acostumaram com mínimo.
E agora?
Agora sigo meu caminho, continuo fazendo o que sempre fiz e andando aos mesmos lugares por onde sempre andei. Encontrando pessoas, rezando, conversando e comunicando o Evangelho de Jesus: que veio para que todos tenham vida e vida em abundancia!
Aos meus amigos peço as orações, a serenidade e a perseverança de seguirem comigo nesta difícil e desafiante estrada de espalhar o BEM que deve sempre vencer o mal!
Deus é maior!”