O tempo é o senhor da razão. Ou seria o Honda Fit? Se um carro fosse projetado do zero pensando só em fatores racionais e nas necessidades do cliente, seriam quase todos iguais ao Fit. Ou parecidos. Eu não gosto de câmbio CVT, e a dinâmica desse Honda, embora correta, não me encanta. Então resistiria a ele. Mas tenho a Stella, de dois anos, e o Mathias, de sete. Rodo muito na cidade e carrego tralhas, então…
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Diversos carros têm nomes que nada significam. No Honda Fit – “caber”, em inglês -, ele não poderia ser mais adequado. Compacto, o hatch/monovolume cabe em qualquer vaga, e tudo cabe nele. Sempre conto da vez que fui aos EUA, me enchi de muambas e mal consegui acomodar tudo – e ainda minha esposa, o Mathias (ainda bebê) e eu – em um Jeep Cherokee, que é um SUV médio.
Chegando ao Brasil, coubemos todos e tudo em um Fit – e ainda a dona do carro, que foi nos buscar. Com folga. Como o tanque fica sob o banco dianteiro, o traseiro pode ser rebatido até o assoalho ou erguido. Mesmo no modo “normal”, o porta-malas é alto e quadrado: acomoda tudo.
A dirigibilidade do Fit é extremamente correta e, quanto ao desempenho, racionalmente não há porque andar rápido hoje em dia, arriscando sua segurança ou multas. Então o elástico motor 1.5 tem torque suficiente em baixas rotações para meu uso normal, 90% do tempo na cidade ou na estrada com a família.
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Raramente superando 2.500 rpm, gasta pouco: fiz 15,5 km/l de média na estrada e 11 km/l na cidade (gasolina). E, quando precisei ultrapassar, não decepcionou. Gritou, mas entregou. Esse drama pode ser evitado acionando o modo S e usando as aletas no volante: o Fit vira um carro manual sem embreagem – com tocada mais esportiva ou giros mais baixos, você decide.
Na cabine, a direção tem boa pegada, ótimo ajuste e precisão invejável. O ar-condicionado é automático digital e o conforto é incrementado pelas suspensões que filtram muito bem o solo. O que a razão não explica são o computador de bordo – com tela tosca e controlado por uma vareta – e a central multimídia ruim (e que travou muitas vezes). Também é difícil entender o acabamento de plástico duro e a falta, nessa versão Fit EX , de alguns itens.
Adicionando emoção à decisão, nessa faixa de quase R$ 80 mil o VW Polo 1.0 TSI , turbindado, é mais gostoso de guiar e o Toyota Yaris, também extremamente correto ao volante, é mais equipado – mas nenhum deles é versátil e espaçoso como o Fit. Então, como sou muito racional, talvez acabasse optando pelo Honda mesmo. Poucos precisam de mais do que oferece. Pensando racionalmente, claro.
Contraponto
Por Rafael Poci Déa
Desde sempre o Fit me chamou a atenção pela ótima versatilidade e pelo espaço interno invejável. Contudo, por enquanto eu não o compraria. O motivo? Diferentemente do Flávio, não sou casado tampouco tenho filhos – grande parte do tempo dirijo sozinho.
Portanto, não há razões para ter um carro desse segmento. Fui “proprietário” do Honda por três dias e, diferentemente do meu colega de trabalho, não gostei das suspensões – a traseira “bate seco” ao passar por buracos ou demais irregularidades do asfalto. E o isolamento acústico da cabine poderia ser melhor, principalmente nos dias chuvosos.
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Outra questão é a relação custo-benefício, pois para mim o Fit cobra caro pelo que oferece. Sou uma pessoa mais emocional que racional. Caso fosse trocar de carro ou já fosse pai de família, iria considerar o Volkswagen Polo com motor TSI. Ele tem visual mais jovial, propulsores turbinados são minha paixão desde os tempos de infância e, ainda, o Volkswagen entrega uma dirigibilidade muito mais empolgante a partir dos baixos giros, sem abrir mão do consumo excelente, tanto urbano quanto rodoviário.
COMPRE SE…
▲ Você quer um carro compacto por fora e espaçoso por dentro, fácil de manobrar e versátil para eventualmente acomodar uma bicicleta ou outros objetos grandes.
▲ Baixo consumo é mais importante pra você do que desempenho.
NÃO COMPRE SE…
▼ Você faz questão de um acabamento refinado ou gosta de um visual que chame a atenção nas ruas. O Fit é elegante, mas sem muito apelo.
▼ Você gosta de mimos, quer uma central multimídia moderna e bonita e um painel mais sofisticado. Nesses pontos, o Fit decepciona.
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Ficha técnica
Honda Fit EX
Preço básico (CVT): R$ 68.700
Carro avaliado: R$ 78.300
Motor: quatro cilindros em linha 1.5, 16V, comando variável
Cilindrada: 1497 cm³
Combustível: flex
Potência: 115 cv (g) e 116 cv (e) a 6.000 rpm
Torque: 15,2 (g) e 15,3 (e) a 4.800 rpm
Câmbio: automático CVT, modos S e M
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,096 m (c), 1,694 m (l), 1,535 m (a)
Entre-eixos: 2,530 m
Pneus: 185/55 R16
Porta-malas: 363 litros a 1.045 litros (até vidro)
Tanque: 46 litros
Peso: 1.099 kg
0-100 km/h: 10s7 (medição MOTOR SHOW)
Velocidade máxima: 175 km/h (estim.)
Consumo cidade: 12,3 km/l (g) e 8,3 km/l (e)
Consumo estrada: 14,1 km/l (g) e 9,9 km/l (e)
Emissão de CO²: 102 g/km
Nota do Inmetro: B
Classific. na categoria: B (Compacto)