O grande sonho de Rudolph Leiding, presidente da Volkswagen do Brasil durante a o começo dos anos 70 era ver seus trabalhos rodando em ruas brasileiras. E este sonho tornou-se realidade para o executivo, apesar de não presenciar as primeiras unidades no Brasil, já que antes tinha assumido o mesmo cargo na matriz alemã.
A grande intenção de Leiding era substituir o velho Fusca , com a Brasília , mas o modelo não conseguiu atingir o sucesso. Rudolph também assinou outros projetos como, por exemplo, o VW TL , lançado em 1970 e o VW 1600 quatro portas de 1968, os quais que tiveram vida curta. Porém a Variant teve uma trajetória de sucesso relativamente compreensível em relação aos outros trabalhos de Rudolph Leiding.
Baseado no projeto “Tipo 3” da Alemanha, a perua Variant foi lançada em 1969 e um de seus principais trunfos era o espaço para bagagens. Além do porta-malas traseiro de 267 litros, localizado logo acima do compartimento do motor, há um outro espaço à frente destinado para comportar malas pequenas, ou qualquer outro tipo de objetos compactos. O estepe era num pequeno compartimento ao porta-malas dianteiro.
Compartilhando o mesmo chassi do VW 1600 quatro portas – apelidado de “Zé do Caixão” – de 1968, a perua Variant aproveitava o mesmo motor da linha VW 1.600 (1.584 cc) de quatro cilindros, “boxer”, refrigerado a ar e alimentado por dois carburadores Solex que rendia 65 cv. Aliás, apesar da localização do motor atrás, carregada, a Variant era extremamente robusta. A caixa de câmbio era de quatro marchas com a alavanca no assoalho.
A Variant mede 4.248 mm de comprimento, 1.580 mm de largura e 1.430 mm de altura. Com estas dimensões, a perua era um carro grande para os padrões da época. Econômica para a época – fazendo 11 km com 1 litro – o modelo agradava principalmente as famílias. Cinco pessoas viajavam tranquilamente a bordo da perua da VW.
Estilo clássico: a Variant agradava pelas linhas simples e fluidas
A frente era a mesma do VW 1600 quatro portas. Por falar nisso, curiosamente a perua Variant não chegou a ter a versão de quatro portas igual ao do VW 1600 que a originou. Na lateral, destacava a imensa janela traseira que oferecia uma ótima visibilidade, sobretudo na hora de estacionar em vagas apertadas. Aliás, esta janela traseira ainda disponibilizava um pequeno quebra-vento basculante com o objetivo de ajudar na ventilação.
A perua da Volkswagen possuía um desenho simples. Na altura dos para-lamas traseiros destacavam-se as frestas para a ventilação do motor. As rodas eram as mesmas usadas no VW Fusca , de aro 15. As lanternas são pequenas e retangulares. Os faróis por sua vez têm o formato quadrado (até a linha 1970) e as setas são localizadas nas laterais dos para-lamas. Os para-choques possuem duas garras e são cromados como em muitos veículos da época. O para-barros eram um item de série e denotavam robustez à Variant.
Por dentro, o painel de instrumentos era simples. Apenas relógio do velocímetro com hodômetro total e nível da gasolina. O acabamento tinha apliques imitando “madeira de Jacarandá”, uma tendência de época que equipava o Fusca . Os bancos eram disponíveis em courvin nas cores preta ou bege, dependendo da cor da carroceria. O enorme volante, feito de plástico rígido, ostentava o brasão dos Bandeirantes e ficava numa posição um tanto desconfortável, defeito corrigido na Variant II , lançada no final de 1977.
Leia Também
Num teste comparativo entre a VW Varian t e a concorrente Ford Belina , feito pela revista Auto Esporte, em 1976, mostrou que o primeiro representante possui algumas vantagens. Entre elas, o consumo que apesar da Ford Belina ter motor de menor cilindrada (1,4 litro) , a Variant superou-se neste teste cravando 9,3 km por litro rodando a 120 km/h. No desempenho, o exemplar da VW também mereceu elogios, com 135 km/h de velocidade máxima.
Nas frenagens, a Variant também se mostrou superior a Belina. Parou em menor espaço e com mais estabilidade. Para quem preferia conforto, a Belina era o melhor negócio, mais para quem preferia robustez, características dos carros da Volkswagen, a Variant era a melhor compra.
Nova linha
Em 1972 os modelos Volkswagen Variant e TL – lançado em 1970 – recebem novo estilo de frente, agora mais baixa e mais harmônica. Neste mesmo ano vinha o SP2 com a frente parecida dos modelos anteriores. Inclusive, esta frente adotada dos primeiros “Typ 3” (nome do projeto) serviu de inspiração para a futura VW Brasília , lançado um ano após a nova linha 72.
Porém quatro anos mais tarde, o projeto mostrava sinais de cansaço. No ano de 1976 a Volkswagen parava a fabricação do VW TL 1600 (109.285 unidades produzidas) e no ano seguinte da VW Variant 1600 (250.000 unidades produzidas).
Como as vendas da Brasilia iam de vento em popa, os engenheiros da Volkswagen resolveram apostar num modelo parecido para a substituta da Variant . A regra básica era: tinha que ser um veículo de proporções levemente maiores em relação à Brasília , porém com os mesmos princípios.
Foi assim que veio a VW Variant II , uma versão mais moderna, produzida em dezembro de 1977 sem muito sucesso comparado à sua antecessora. Mecanicamente mais moderna, o Variantão , como ficou conhecido, adotava a moderna suspensão dianteira tipo McPherson, motor 1.600 cm3 e dupla carburação (parecia uma Brasília de dimensões ligeiramente maiores).
Porém, com todas as vantagens, o modelo infelizmente teve a vida curta, com a produção concluída em 1980 somando num total de 41.002 unidades produzidas.