Uma operação da Força-Tarefa da Polícia Civil no combate às milícias , realizada nesta quarta-feira, prendeu 19 pessoas, entre elas, a presidente da Associação de Moradores de Rio das Pedras . Segundo a polícia, a líder comunitária Maria Vanderleia de Sousa foi autuada em flagrante por roubo de energia elétrica, rentável fonte de exploração de serviços dos milicianos.
O diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) , delegado Felipe Curi, explicou que a milícia retira os relógios de luz dos imóveis e obriga os moradores a pagar taxas exclusivamente para eles, que fornecem a energia furtada da concessionária. Curi afirmou que a Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD) está investigando a ligação de Vanderleia “direta” com o crime organizado de Rio das Pedras no roubo de energia.
— Foram ações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), da Polinter e das delegacias especializadas. A DDSD tem um papel fundamental de fiscalizar e, portanto, atacar as fontes de renda, ou seja, a parte financeira da organização criminosa. Ela desarticulou provedores de internet e depósitos de gás ilegais. Tem sido muito explorado também o serviço de energia elétrica. A presidente da Associação de Moradores de Rio das Pedras foi presa em flagrante justamente por cometer o crime de roubar energia elétrica. De acordo com as investigações ela é diretamente ligada à milícia de Rio das Pedras — explicou ele.
A operação da Força-Tarefa da Polícia Civil não ficou restrita à Rio das Pedras. As comunidades da Muzema e da Gardênia Azul também foram alvos da ação contra os milicianos e suas atividades ilícitas. A equipe da DRACO prendeu em flagrante dois homens que extorquiam moradores e comerciantes da Gardênia Azul. Um dos acusados já foi preso por envolvimento na morte de duas pessoas. Com eles, os agentes apreenderam material para cobrança de taxas dos moradores. A dupla responderá pelos crimes de associação criminosa e favorecimento pessoal. Durante a operação, a Polinter prendeu dois homens com mandados de prisão em aberto, sendo que um deles é apontado pelos investigadores como matador da milícia.
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Na opinião de Curi, o resultado da operação foi positivo:
— Desde que a Força-Tarefa contra as milícias foi criada, a polícia já prendeu cerca de 650 presos. As ações deram um prejuízo a este tipo de organização criminosa na ordem de R$ 1,5 bilhão. Vamos continuar atuando. As ações não têm data para terminar. Estamos enfraquecendo as milícias e prendendo seus integrantes.
Entre os crimes investigados estão a exploração de atividades ilegais controladas pela milícia como cobranças irregulares de taxas de segurança, instalações de centrais clandestinas de TV a cabo e de internet (gatonet/gatointernet) e armazenamento e comércio irregular de botijões de gás e água. Os paramilitares também têm empresas de GNV ilegais e faturam com a grilagem de terras, construções irregulares e exploração de areais. Atualmente, as transações imobiliárias são mais lucrativas da quadrilha. O rol de atividades ilícitas não para por aí. As milícias ainda comercializam produtos falsificados ou oriundos de contrabando, e atuam no transporte alternativo irregular. Segundo Curi, a polícia investiga a prática de lavagem de dinheiro.
Atuaram na operação: a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO), a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), a Delegacia do Consumidor (Decon), a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), a Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), a Divisão de Capturas da Polícia Interestadual (DC-Polinter), a Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), a Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), a Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), a Delegacia Fazendária (Delfaz) e a Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), com apoio de informações do Disque Denúncia.