A popularizaçao de tecnologias criadas para deixar os carros mais seguros está fazendo com que os motoristas assumam os riscos de adotar uma postura mais agressiva no trânsito. É o que aponta uma pesquisa feita nos Estados Unidos pelo IIHS , instituto de segurança viária ligado às seguradoras, que apontou que os condutores ficam 24% mais dispostos a ultrapassar os limites de velocidade enquanto guiam com o ACC (uma das siglas que identificam o controle adaptativo de velocidade de cruzeiro) acionado.
Feita com o auxílio do MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, a pesquisa analisou o comportamento ao volante de um grupo de 40 motoristas, que foram acompanhados por um período de quatro semanas nas vias da cidade de Boston. Durante este período, parte do grupo guiou um Range Rover Evoque 2016 com o ACC e outra parte um Volvo S90 2017 com o ACC e o sistema de direção semiautônomo Pilot Assist.
De acordo com o estudo, em vias com limite de 55 mph (88,5 km/h), a velocidade média com o ACC ou o Pilot Assist ativado foi 1 mph (1,6 km/h) superior à registrada sem o uso dos auxílios eletrônicos de direção. Pode não parecer muito, mas de acordo com uma projeção estatística feita pelo IIHS, o impacto disso seria uma elevação de 10% nos riscos de um acidente fatal.
O estudo ressalta, no entanto, que serão necessários novos estudos para avaliar quanto desses efeitos negativos podem ser contrabalançados pela capacidade dessas mesmas tecnologias de evitar acidentes. Mas o IIHS destaca que esses assistentes eletrônicos poderiam ser um pouco mais restritivos, já que nos carros testados a regulagem de velocidade do ACC podia ser feito em incrementos de 5 mph (8 km/h). Algo que pode explicar parcialmente os fato de os motoristas abusarem dos limites.
Até há pouco tempo restrito a carros importados, o ACC já pode ser visto em modelos produzidos no Brasil, como o Volkswagen Nivus, Toyota Corolla, o recém-lançado Corolla Cross e o Jeep Compass.