Não tem jeito, entra ano e sai ano, temos de conviver com a inflação que castiga o bolso de nós brasileiros; e a alta dos combustíveis é o principal vilão, indiretamente e diretamente falando.
Pensando nisso e num orçamento de até R $20 mil na carteira , listamos cinco carros populares bons, bonitos e baratos para você se orgulhar de chamar de “meu primeiro carro” ou ainda ter como uma segunda opção como rodízio.
1) Chevrolet Corsa – Preço médio: R$ 14,5 mil
A trajetória do Chevrolet Corsa começou no Brasil em 1994. Mal apareceu e arrancou elogios logo de cara, e não só pela sua confiabilidade mecânica, mas também pelo ótimo acabamento interno. Havia plásticos de boa qualidade e tecidos mais refinados do que a média do pobre segmento dos populares. Dizer que foi uma revolução em comparação ao Chevette seria minizar o impacto do pequeno hatch – logo viriam o sedan, a perua e a picape.
Primeiro veio o Wind equipado com motor 1.0 de 50 cv e logo depois a GL, com propulsor 1.4 com 10 cv a mais. Na lista de equipamentos de série, agregava desembaçador, limpador e lavador do vidro traseiro, conta-giros, banco traseiro bipartido com encostos de cabeça entre outros itens.
Em 2002, o hatch da Chevrolet ganha uma nova geração. Maior do que a anterior, a sua clara vantagem estava no espaço interno, que se mostrava suficiente para até quatro adultos de estatura média. O hatch foi oferecido apenas na versão com quatro portas – ainda houve o Corsa Sedan . A opção para o nosso mercado se restringia às motorizações 1.0 VHC de 71 cv ou 1.8 de 102 cv.
Foi justamente o 1.8 que iniciou a onda de motores flex na gama, tendo sido lançado em 2003. Batizado como FlexPower, o motor rendia até 109 cv quando abastecido com etanol e 105 cv com gasolina.
Dois anos após, os nomes das versões mudaram: a mais simples era a Joy, a intermediária Maxx já podia receber direção hidráulica e ar-condicionado, enquanto a topo de linha Premium tinha freios ABS e airbags para motorista e passageiros. O FlexPower 1.0 de 79/77 cv só viria depois.
Levando-se em consideração modelos de até 2003, com até R$20 mil no bolso é possível achar boas ofertas no mercado, incluindo carros equipados com ar-condicionado, direção e, com um pouco de mais sorte, na configuração Sedan, que oferece 390 litros de porta-malas, bem mais do que os 260 litros do hatch.
Só evite as versões com motores VHC. Segundo especialistas, estes propulsores trabalham com uma taxa de compressão muito alta e qualquer variação na qualidade do combustível provoca uma queima irregular e a chamada ‘batida de pino’, fenômeno que pode reduzir a vida útil do motor.
2) Fiat Uno – Preço médio: R$ 18,5 mil
Assim como o Gol, o Uno se tornou um veterano, ainda que tenha sido lançado em 1984, quatro anos depois do hatch da VW, e saído de linha em 2021, dois anos antes do rival.
Com quase 40 anos ininterruptos de produção, as maiores ofertas do carro da Fiat são as opções equipadas com motor 1.0 , que, aliás, foi o carro que inaugurou o conceito dos populares no Brasil através de uma lei que reduzia os impostos para veículos com motores de 800 a 1.000 centímetros cúbicos de deslocamento, ou 0.8 a 1.0. A Fiat foi a primeira a preparar um modelo do tipo, pois já tinha um motor 1.050 cm3 na manga.
Teve opções carburadas ( Mille, Mille ELX) , injetadas monoponto ( EP, SX, EX, Smart ) e injetadas multiponto ( a partir da versão Fire, que substitui o antigo motor Fiasa ) e flexíveis ( versão Fire de 66/65 cv ).
A partir dessas opções com motores flex, lançadas em 2005, as possibilidades são mais vastas e a dica é pegar o pacote mais recheado, tal como o kit Celebration , criado em 2007. Ele vinha com direção hidráulica, item inédito no modelo, além de ar-condicionado, vidros e travas elétricos, desembaçador traseiro entre outros pormenores.
Até 2009 (após isso, você vai pagar mais de R$ 20 mil) com este orçamento, pode recorrer às versões Economy, lançadas no ano 2008. A configuração tem a quinta marcha mais longa, pneus com baixa resistência ao rolamento e econômetro , um indicador de consumo instantâneo, medidas que o tornaram o carro mais econômico do mercado, com até 10% de economia em relação à versão anterior. Segundo dados técnicos de época, são 8,8 km/l na cidade e 9,9 km/l na estrada quando abastecido com etanol e 12,4 km/l na cidade e 14,6 km/l na estrada com gasolina.
3) VW Gol – Preço médio: R$ 20 mil
Com várias versões em seu currículo, o modelo recém descontinuado é uma opção barata e confiável como meio de transporte diário, graças à confiabilidade, ampla rede autorizada no mercado, preços mais em conta de peças e mão-de-obra.
Partindo da segunda geração, lançada em 1994 e que fez muito sucesso no Brasil por conta do maior aproveitamento de espaço interno, o hatch estreava nas opções 1000i, 1000i Plus, CLi 1.6, CLi 1.8, GLi 1.8 e GTi 2.0, todas elas só com opção de duas portas.
A partir de 1998, surge a tão esperada carroceria quatro portas e junto à novidade, a estreia do novo motor 1.0 16V de 68 cv (10 cv a mais que o 1.0 Mi de 1997) . Porém, tal propulsor pecava pelo consumo de combustível elevado e pelo alto custo de manutenção.
Um dos pontos mais críticos do modelo é o problema crônico das trincas nas torres dianteiras da suspensão e na parte inferior da parede corta-fogo, que separa o motor do habitáculo.
Por falar nisso, outro defeito característico é o da versão 1.0 16v Turbo de 112 cv, lançada em 2000. O motor pode apresentar desgaste precoce na polia do variador do comando de válvulas.
Por isso, opte pela versão Power 1.6 flex, configuração que foi lançada em 2003 e popularizou o mercado dos automóveis flexíveis no Brasil. É uma das opções com um dos melhores custos-benefícios . O propulsor de 97 cv de potência e 14,1 kgfm de torque tem consumo de 10,5 km/l na cidade e 13,8 km/l na estrada com gasolina , segundo a ficha técnica consultada no site Carros na Web.
4) Ford Fiesta – Preço médio: R$ 19,5 mil
O modelo da Ford deu as caras por aqui em 1995, importado da Espanha, mas, no ano seguinte, já ganhou produção nacional e motores 1.0 de 53 cv, 1.3 de 60 cv e 1.4 16v de 89 cv, que mudaram em 1999, quando ganhou os dois motores Zetec Rocam: 1.0 de 65 cv e 1.6 de 95 cv.
Junto ao lançamento da segunda geração do Corsa, em 2002, o Fiesta também chegava em sua roupagem nova nas versões Personalité 1.0 de 66 cv, Class 1.6 de 98 cv e Supercharger 1.0 de 95 cv . No caso desta, quando nova, suas vendas foram um fracasso, pois a diferença de preço em relação ao 1.6 era muito pequena, além de andar menos. Era 8 km/l de gasolina na cidade e 12km/l na estrada no caso do 1.0 Supercharger, enquanto o 1.6 fazia 9 km/l e 13 km/l nas mesmas condições.
Lançado em 2004, o primeiro flex foi o Fiesta 1.6 de 111/105 cv, que foi complementado em 2006 pelo 1.0 de 73/71 cv.
Concorrente direto do Corsa, a vantagem do hatch da Ford é o porta-malas, uma vez que o compartimento tem 305 litros de volume, ou 45 litros a mais do que o rival da Chevrolet.
À época, muitos estranharam o acabamento. Ao contrário dos antecessores, o Fiesta não condizia com a fama de carros bem cuidados da Ford, algo que se estendia até os modelos mais simples . O maior motivo desse rebaixamento foi a decisão de simplificar o projeto brasileiro em relação ao europeu.
Por até R$ 20 mil, as opções se estendem até os modelos flexíveis, tanto o 1.0 (73/69 cv) quanto o 1.6 (111/105 cv) – ambas são boas de mercado. A decisão recai mais pela necessidade e orçamento de cada um, mas, ainda assim, vale a pena pechinchar pela 1.6 que, dependendo do caso, a diferença pode ser pequena em relação ao 1.0. Só atente para o possível vazamento no reservatório de partida a frio nestas versões, defeito que, inclusive, foi motivo de recall em 2006.
5) Renault Clio – Preço médio: R$ 17,5 mil
A segunda geração do Clio foi lançada no Brasil no final de 1999, e, inicialmente, produzido no Brasil nas versões RL 1.0 de 59 cv, RN 1.0 e 1.6 e RT 1.6, ambos motores com 90 cv. O grande atrativo do veículo são os seus equipamentos. O francês já contava com dois airbags de série, algo que se tornou opcional ou deixou de ser oferecido.
O hatch da Renault não costuma apresentar defeitos, mas há alguns pequenos problemas que acabam incomodando. É o caso da queima precoce das bombas de combustível nos modelos flex. Os casos envolvem o motor 1.6 de 115/110 cv, lançado em 2004, e também o 1.0 de 77/76 cv, motorização que chegou ao mercado em 2005. Os sintomas são falha no motor e chiado em ponto morto.
Outra dica é optar pelas unidades equipadas com direção hidráulica – um item bem-vindo, uma vez que as que não possuem o recurso são pesadíssimas de manobrar -, e ar-condicionado. Tais modelos são mais bem aceitos e, com isso, mais fáceis de revender.
Sua oferta no mercado de usados costuma ser farta, tanto nas versões 1.0 quanto 1.6, o que acaba facilitando na hora de decidir pela sua compra.
Ao ver a unidade pretendida, cheque o velocímetro. O instrumento pode parar de funcionar, algo que acomete também o hodômetro total e parcial. Não deixe de dar atenção para as vibrações no motor. Não é incomum o coxim central, responsável pela fixação do conjunto motor/câmbio, estar desgastado . Os sintomas começam a aparecer quando surgem vibrações no motor, ondas que são repassadas para o interior do veículo. Para verificar isso, peça a um mecânico para colocar o veículo em um elevador e avaliar a peça, a fim de encontrar possíveis rachaduras.
Fonte: IG CARROS