Dia desses me lembrei de um short film em que um rapaz sofre com o estresse de uma entrevista de trabalho. Naquela atmosfera um tanto sombria do filme, ele acaba indo para a garagem do prédio de escritórios e lá aparece um reluzente BMW M3 do final dos anos 80. A partir daí, a cara amarrada vai se descontraindo na medida em que o prazer de dirigir passa a ser uma espécie de antidoto.
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Ainda bem que continuam dando valor à questão da tradição em algumas marcas, uma delas, a BMW. No 330i (R$ 269.950) você resgata a aura esportiva capaz de aumentar a taxa de andrenalina nas suas veias e tornar seu dia mais animado, mesmo que o céu esteja cinza e o excesso de trabalho tenha acabado com seu senso de humor.
A receita do remédio do BMW 330i contra o desânimo começa com um ronco que sai pelas duas saídas de escape e entra nos seus neurônios. Acelere e sinta a sensação de precisar respirar mais fundo. São 258 cv e nada desprezíveis 40,8 kgfm de torque, força equivalente a quatro vezes a de um carro popular 1.0 aspirado. Para extrair todo esse rendimento, há recursos como turbo, injeção direta de combustíuvel e variadores de fase na admissão e escapamento.
Sem provocar demais o acelerador, comece devagar. E dê uma olhada no belo painel da nova geração do Serie 3, que inclui multimídia de última geração, com tela de alta resolução conectada à internet, o que torna possível acessar informações em tempo real, entre as quais do trânsito e da meteorologia. Ao longo dos anos, a BMW foi aperfeiçoando o sistema e hoje tem comandos bem mais fáceis e intuitivos com ajuda do botão giratório no console central.
Além do som de alta-fidelidade do BMW 330i também impressiona a quantidade de recursos disponíveis, como HD interno, carregador de celular por indução, roteador wi-fi e até CD player para quem ainda curte ouvir música à moda antiga, sem usar entrada USB com conexão Bluetooth. E o acabamento é de primeira linha e conta com luz ambiente que pode ser personalizada de acordo com o gosto do freguês.
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Ponto positivo também para o ar-condicionado digital, bem como a ergonomia e o conforto dos bancos revestidos de couro e que seguram bem o corpo nas curvas. O volante de três raios com boa empunhadura também agrada. Só achei que exageram um pouco no estilo do cluster digital, que perdeu muito do charme do que vinha sendo usado nas gerações anteriores do Série 3.
O que não muda nunca e precisa ser preservado é o conjunto bem acertado do sedã da BMW, sempre com tração traseira e motor na frente e uma distribuição de peso perfeita. Somado ao baixo centro de gravidade e ao ajuste da suspensão com multibraço no eixo de trás, chega-se a uma estabilidade irrepreensível. Basta contornar a curva na trajetória certa que o carro se mostra tão obediente quanto um cão farejador.
E se isso ainda não for suficiente para arrancar um sorriso então experimente acelerar de 0 a 100 km/h em meros 5,8 segundos. É de tirar o fôlego, mas logo em seguida você ficará mais animado, como se tivesse recebido um tapa na costas para acordar. Se estivesse em pista fechada poderia continuar acelerando até atingir os 250 km/h de máxima, velocidade controlada eletronicamente.
Como não poderia deixar de ser, entre outros aperfeiçoamentos na comparação com o 328i da geração anterior , o sistema de direção elétrica também consegue atingir a perfeição. Agora, leve nas manobras e firme conforme vai aumentando a velocidade, sem deixar de ser anestesiada, ou seja, consegue transmitir o que acontece entre o piso e os pneus com maestria.
Em piso irregular, porém, o ajuste esportivo , assim como os pneus de perfil baixo 225/40 R 19, acabam causando alguns solavancos e prejudicando um pouco o conforto. Mas é o preço que se paga por um sedã esportivo de verdade, um degrau abaixo do lendário M3, mas com disposição de sobra e detalhes como as hastes de alumínio atrás do volante, que facilitam uma tocada mais animada.
Se for cauteloso ao acelerar, conforme os números do Inmetro, o BMW 330i pode fazer até 8,5 km/l na cidade e 13 km/l na estrada, com autonomia teórica de 501,5 km em trechos urbanos e de 767 km em rodiviários, levando em conta o tanque de 59 litros, nada mau, não?
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Conclusão
Entre os sedãs com apelo esportivo que temos hoje em dia, o BMW 330i consegue entregar uma combinação entre desepenho e conforto na medida ideal, melhor do que rivais como Mercedes C300 Sport (R$ 278.900) e o Jaguar XE R-Sport P250 (R$ 250.200), que não conseguem ter a mesma relação peso potência de meros 5,7 kg/cv do modelo da marca bávara.
Ficha técnica
Preço: R$ 269.950
Motor: 2.0, quatro cilindros, turbo, flex
Potência: 258 cv a 5.000 rpm
Torque: 40,8 kgfm a 1.550 rpm
Transmissão: Automático, oito marchas , tração dianteira
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira) / Independente, miultibraço (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteiros) / discos ventilados (traseiros)
Pneus: 225/40 R19
Dimensões: 4,71 m (comprimento) / 1,83 m (largura) / 1,44 m (altura), 2,85 m (entre-eixos)
Tanque: 60 litros
Porta-malas: 365 litros
Consumo gasolina: 8,5 km/l (cidade) / 13 km/l (estrada)
0 a 100 km/h: 5,8 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h