A BMW aproveitou a apresentação do novo X1 para fazer outros três anúncios. Já falamos de um deles, a versão elétrica do SUV, o promissor iX1. Mas há outros dois carros que são diferentes, mas que representam os dois dos pilares da marca: esportividade extrema e tecnologia elétrica avançada. São os novos M2 e o i7, versão elétrica da limusine Série 7, o maior sedã da fabricante. Todos vão desembarcar no país no próximo semestre.
Como é o BMW M2
O meu lado entusiasta não vai deixar de começar com o M2. O pequeno modelo é a versão hiperativa do conhecido cupê Série 2. Embora a linha seja dividida com os Série 2 hatch e cupê de quatro portas, ambos com tração dianteira ou integral, o lance dele é fazer fumaça com os seus pneus traseiros.
Olhando com carinho (e desejo), parece um daqueles esportivos capazes de fazer um drift até em manobras de estacionamento.
Ele é quase uma evolução histórica do 2002, BMW antigo que foi o primeiro carro turbo da marca, um esportivo que saia de traseira até quando estava parado. A retomada dos carros do tipo começou com o Série 1 cupê, de 2007. Tive a chance de rodar muito (rodar no sentido de andar um bocado, embora pudesse ser do outro) com um 135i, versão 3.0 biturbo de gentis 305 cv. Até hoje ele ficou na minha mente. Somente o 1 M foi mais marcante, porém, sacudiu tanto a minha cabeça que acabou deixando a memória desvanecida. Foi a força dos 340 cv e da tração posterior.
Deixando as recordações de lado, vamos ao que o novo M2 tem. O motor é basicamente o mesmo do M3 e M4, um seis cilindros de 3 litros, 460 cv (90 cv a mais que antes) a 6.250 rpm e 55 kgfm de torque entre 2.650 e 5.870 rpm. A despeito de entregar a sua força máxima mais cedo, o limite de rotações chega a 7.200 giros, uma forma de satisfazer os que têm saudades da era dos BMW M aspirados. E não são poucos.
Dentro da mesma lógica purista, o câmbio pode ser o manual de seis marchas, mas o que virá para o Brasil é o automático de oito velocidades. Os entusiastas podem chiar, mas a verdade é que o carro sem pedal de embreagem é mais rápido: são 4,1 segundos de zero a 100 km/h contra 4,3 s. A arrancada de zero a 200 km/h é despachada em 13,5 s, tempo parecido com o que um Renault kwid leva para alcançar 100 km/h. É possível que o esportivo venha apenas na opção M Driver’s Package, pacote que aumenta a velocidade máxima de 250 km/h para 280 km/h. Ele é rápido, no entanto, não o suficiente para chegar antes do segundo semestre.
O estilo tem mais personalidade do que qualquer outra coisa. Somente pessoas de olhos fechados conseguiriam confundir o M2 com outro esportivo da classe. Nem mesmo com o M3 ou M4, uma vez que ele dispensa as enormes grades em favor de um conjunto um pouco mais convencional. Diferentemente deste detalhe, todo o resto foi feito para chamar a atenção. Estão lá o capô ultra longo, a cabine recuada e a traseira curta, tudo envolvido por detalhes geométricos ao extremo. Os faróis utilizam filetes de LED para reproduzir o conjunto do antigo 2002, um carro anterior ao esquema de dupla iluminação da marca. Não é por acaso que o cupê aparece de lado em várias fotos de divulgação.
Está certo que o M2 tem quase o tamanho dos Série 3 de gerações passadas. São 4,58 metros de comprimento e 2,74 m de entre-eixos, o que abriu capacidade para aumentar o espaço para… duas pessoas atrás. Melhor não reclamar, pois o Porsche Cayman, um dos seus principais concorrentes, dispensa ocupantes reclamando da sua tocada esportiva nos seus ouvidos.
BMW i7
O Série 7 já teve motores de todos os tipos, dos seis cilindros turbinados aos saudosos V12, mas foi nessa geração que ele adotou a eletrificação total em massa. Chamado de i7 xDrive60, o dublê de limusine tem dois motores elétricos, um em cada eixo. Somados, geram 544 cv e 76 kgfm de torque instantâneo.
Os 4,7 s exigidos para superar a prova de zero a 100 km/h não fazer com que ele ultrapasse o M2 em uma arrancada, mas serão suficientes para assustar qualquer um que ver um carro de 5,39 m fazer isso em silêncio (ou quase). A velocidade máxima chega a 240 km/h (limitados eletronicamente). Imagine só o que o futuro i70 M7 xDrive vai fazer com os seus 669 cv.
O entre-eixos chega a 3,21 m, mais do que suficientes para levar os passageiros traseiros com um conforto que alguns jatinhos não oferecem. Mimos como ajuste elétrico para todos os ocupantes são de praxe, enquanto o acabamento é capaz de fazer o Palácio de Versalhes parecer um Airbnb qualquer – talvez eu esteja exagerando.
Continuando na cabine, os destaques vão para o painel digital de duas telas de 12,3 polegadas e 14,9 polegadas. Comandos feitos de cristal são usados para acionar várias funções e, ainda por cima, há nove programas diferentes de massagem, um relaxamento que combina com a tela de 31 polegadas 8K, uma televisão escamoteável que fica embutida no teto. Tudo poderia estar na primeira classe da Emirates.
De acordo com a marca, a autonomia fica entre 591 e 625 km, lembrando que os dados seguem o padrão WLTP, e não é medido pelas novas (e exigentes) regras do Inmetro. As baterias de íons de lítio têm capacidade de 101,7 kW e podem ser recarregadas rapidamente, levando 5,5 horas para ir de 10 a 100% de capacidade (carregador de 22 kW) e apenas 34 m de 10% a 80% em 39 minutos, desde que a conexão seja de 195 kW. No entanto, nem sempre é necessário carregar completamente o conjunto. É possível chegar a cerca de 130 km de autonomia em apenas dez minutos desde que o carregador seja dos mais potentes. Que bom, pois rico não gosta de esperar.
Fonte: Carros