O Ford Fiesta Sedan nacional é um daqueles modelos bem honestos para quem tem pouca grana. Oferece um bom custo-benefício, tem porta-malas espaçoso e seu design ainda parece agradável, apesar de ter saído de linha em 2014.
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Desenvolvido a partir do projeto Amazon, o sedã da Ford surgiu em 2004 em três opções de motor: Personnalité 1.0 de 66 cv, 1.0 Supercharger de 95 cv e 1.6 flexível (111/105 cv etanol/gasolina), sempre com câmbio manual de cinco marchas . As versões de acabamento são a First , de entrada, ou a Trend , um pouco mais requintada, que trazia grade do radiador, retrovisores, frisos e maçanetas pintadas, além de forrações de tecido nas portas.
Em termos de equipamentos, a Trend se diferenciava por vir com direção hidráulica, travas elétricas com controle remoto, vidros dianteiros e porta-malas com acionamento elétrico, aquecedor, desembaçador traseiro, banco do motorista com regulagem de altura, entre outros itens. O CD-Player, vidros elétricos nas portas traseiras, air-bag duplo, freios ABS e rodas de liga leve eram opcionais oferecidos no pacote mais caro.
O motor 1.0 flex chegaria somente em 2006 e rendia 73/71 cv (etanol/gasolina). No mesmo ano, o propulsor 1.0 Supercharger deixava o mercado . Embora tenha números de rendimento parecidos com o 1.6, ele foi criado apenas para surfar na taxação menor dos 1 litro, não tendo boa aceitação. A tecnologia de compressor volumétrico soou estranha no nosso mercado, onde o turbo, por exemplo, também demorou a fazer sucesso.
Foi em 2008, quando o carro já pediu por mudanças, que o Fiesta foi reestilizado e recebeu retoques que incorporaram novos faróis, grade e capô. Podemos dizer que foi a melhor fase de estilo do modelo.
Junto ao facelift, melhoraram também o isolamento acústico das forrações de painel e portas, assim como as suas guarnições, feitas de uma borracha mais durável. A ausência das indesejáveis rebarbas presentes nos plásticos e o aumento da capacidade do tanque de combustível para 54 litros (nove litros a mais em relação ao do modelo anterior) foram outras mudanças significativas para que a Ford conseguisse corrigir algumas falhas que eram muito graves em um projeto que já havia sido simplificado ao extremo em relação ao mesmo carro vendido na Europa.
Para 2009, o sedã ganhou novas versões (já comercializadas como linha 2010). A de entrada passaria a se chamar Fly e a intermediária foi denominada Pulse. Junto a isso, estreava o My Connection, sistema de som com rádio, CD, MP3 Player e conexão para dispositivos USB, iPod e celular via bluetooth, opcional para todas as variantes.
No ano de 2010, a linha recebeu uma leve reestilização, uma mudança que não agradou tanto o público. A frente contava com faróis mais angulosos e com recortes desproporcionais ao restante do estilo do carro. Não havia grade frontal, sendo que a refrigeração era feita pela grande entrada de ar do para-choque frontal. Na traseira, as mudanças se resumiam ao para-choque ligeiramente alterado, lanternas com elementos cromados e escurecidos e tampa do porta-malas com régua mais larga.
Disponível em duas versões, a principal diferença estética estava no conjunto óptico: na versão Fly, mais barata, ele é escurecido, e na Pulse, cromado . Na parte interna, o acabamento era levemente melhorado e passou a exibir novas padronagens dos tecidos, grafismos do quadro de instrumentos e, entre outras mudanças, computador de bordo integrado.
Em 2013 já como linha 2014, o Fiesta Rocam passou a se chamar S, a mais simples e SE, a mais completa . E foi nesse ano que o modelo se aposentou e abriu espaço para o New Fiesta , que era importado para o Brasil desde 2010.
Espaço interno, desempenho e consumo
Os 4,22 metros de comprimento, 1,49 metro de altura e 2,48 metros de entre-eixos são suficientes para que os passageiros da frente viajem com relativo conforto. Atrás, pessoas de estatura mais alta raspam a cabeça no teto, mas nada que incomode muito. Já o porta-malas do Fiesta faz os sedãs maiores sentirem inveja dele. São 478 litros de capacidade (78 litros a mais em relação à antiga versão Street mexicana) , ampliação que foi auxiliada graças à adoção de dobradiças pantográficas na tampa, mecanismo que, ao contrário das do tipo pescoço de ganso, não roubam o espaço e nem amassam a bagagem.
Ao pesquisar um Fiesta Sedan usado , tenha em mente que o motor de 66 cv da versão 1.0 a gasolina é lento nas arrancadas e retomadas. Para empurrar seus 1.128 kg, o baixo torque de 8,9 kgfm só desperta a partir das 2.750 rpm, o que se traduz em pouca agilidade, principalmente com o carro carregado.
Neste caso, é preferível você gastar uns R$ 5 mil (em média) e optar pelo propulsor 1.6 , que é mais elogiado por seus proprietários. São 111/105 cv (etanol/gasolina), potência que se junta ao torque de 15,8/14,9 kgfm para levá-lo de zero a 100 km/h em 11,7 segundos, 2,4 s a menos que o 1.0 Supercharged (14,1 s) e longos 6,9 s se comparado aos 18,6 s exigidos pelo 1.0 aspirado. Já a velocidade final da 1.6 é de 180 km/h contra 164 km/h da 1.0 Supercharged e 146 km/h da 1.0.
Na questão do consumo, a 1.6 flexível faz 6,8 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada (etanol) e 8,6 km/l e 14 km/l (gasolina). A 1.0 Supercharged faz 8 km/l na cidade e 12,3 km/l na estrada e a 1.0, 9 km/l e 13 km/l, respectivamente.
Pontos que merecem a atenção
O ponto que mais desagrada os donos de Fiesta feitos de 2004 até 2006 é o acabamento, algo que causou muita estranheza em se tratando de uma marca como a Ford. O excesso de plásticos internos costuma ocasionar barulhos nas portas, porta-malas e painel. A dica para este problema crônico é levar em uma empresa especializada em eliminar ruídos.
O volante costuma descascar e, para resolver este problema , comum nesta geração, só encapando com couro sintético por R$ 80 ou, se preferir manter a originalidade, gastar um pouco mais e trocá-lo por outro. Os preços dos volantes usados costumam sair de R$ 250 a R$ 300, no Mercado Livre.
O conjunto da suspensão é outro item que demanda cuidad o. Por isso, ao fazer o test drive, verifique se os amortecedores apresentam ruídos. Nem mesmo a Ford e suas autorizadas conseguiram sanar o problema na época, a despeito de costumarem aplicar manta anti-ruído de borracha
A embreagem também merece atenção redobrada. A primeira evidência é o pedal que apresenta trepidações ou, em outros casos, a clássica patinada a cada troca de marcha. Teste se todas as marchas estão trocando suavemente. Para isso, peça ao dono que o deixe guiá-lo na estrada.
Por fim, e não menos importante, busque por um possível desalinhamento da carroceria. Algumas unidades saíram com esta falha na construção. Segundo alguns depoimentos de donos, foram constatados a falta de alinhamento nas portas, capô, porta-malas, para-choques, faróis e lanternas. A dica é avaliar se todos os vãos entre essas peças possuem a mesma espessura. Não tem jeito, os níveis de acabamento e de montagem dos carros da Ford acabaram marcando uma geração.
Melhores e piores versões para comprar
Se a sua necessidade é adquirir um sedã econômico, esqueça as versões 1.0, mais lentas e beberronas em relação aos 1.6. E esqueça a Supercharged. Desenvolvida para ser uma opção para aqueles que não queriam a lentidão dos motores 1.0 e preço mais em conta do 1.6 , suas vendas nunca foram motivos para comemorações, o que acabou decretando seu fim. Apesar de raras, sempre foram um micos no mercado de usados.
A dica é partir logo para as unidades feitas a partir de 2007 (estilo Kinetic) , as quais tiveram o isolamento acústico das forrações de painel e portas, assim como as suas guarnições melhoradas graças às borrachas mais duráveis. A ausência das indesejáveis rebarbas foi outra das mudanças significativas para que a Ford conseguisse satisfazer seus antigos clientes, embora o Fiesta nunca tenha chegado ao nível de acabamento e montagem do Volkswagen Gol G5, para citar um exemplo.
Dirigibilidade e preços
Apesar da espuma que reveste os bancos do Ford Fiesta não ser tão macia quanto a de um popular como o Fiat Uno, por exemplo, dirigir o Ford Fiesta Sedan é um prazer. Estamos falando da versão 1.6 com o pacote Trend, versão que agrega a indispensável direção hidráulica e banco do motorista com regulagem de altura, item que deve ser levado em conta, sobretudo para pessoas de estatura mais baixa.
Seus 4,22 metros de comprimento não são um empecilho na hora de achar uma vaga na rua para estacionar. Em contrapartida, a coluna C e a tampa do porta-malas elevada diminuem um pouco o campo de visão nas balizas mais apertadas.
A partir das primeiras unidades 1.6, você pode sair com um carro que possa lhe satisfazer mesmo com menos de R$ 30 mil . Desde que você tenha em mente a necessidade de olhar cuidadosamente toda a manutenção e, claro, ter feito uma vistoria cautelar. Isso vale para qualquer marca e modelo!
Outra recomendação é o carro modelo 2009/2010, que passou a oferecer o pack Segurança 1, pacote que traz freios ABS e airbags frontais, além de ser possível encontrá-lo com volante e bancos revestidos de couro.
Fonte: Carros