A Toyota dá as boas-vindas ao Corolla Cross , modelo médio nacional que passa a integrar sua família de SUVs ao lado de RAV4 e SW4 . Lançado na Tailândia no ano passado, o novo rival do Jeep Compass tem o objetivo de aumentar a presença da marca em mercados emergentes.
A categoria dos SUVs já corresponde a 36% das vendas de veículos novos no acumulado de 2021, segundo a Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), e não há indícios de que a tendência deverá mudar nos próximos anos. Ao longo de 2021, além do Corolla Cross , também teremos os lançamentos de Ford Bronco Sport , VW Taos e – se o dólar colaborar – Nissan X-Trail .
Após o nosso primeiro contato com o novo SUV na pista de testes da fábrica da Toyota em Sorocaba (SP), ficou claro que o modelo nacional não apenas deverá roubar clientes do Jeep Compass, como também do próprio Corolla sedã.
O Toyota Corolla Cross chega às lojas nas versões XR (R$ 139.990), XRE (R$ 149.990), XRV (R$ 172.990) e XRX (R$ 179.990) e Special Edition (R$ 183.990), sendo as duas primeiras apenas a combustão e as três últimas híbridas. A fabricante espera que os modelos híbridos correspondam a cerca de 30% das vendas do Corolla Cross no Brasil, enquanto as versões a combustão devem ficar com 70% do mix. No sedã, a proporção entre híbridos e combustão é de 25% para 75%.
Os modelos a combustão XR e XRE são bem parecidos no pacote de equipamentos, mas a versão mais barata não inclui faróis em LED, paddle-shifts para trocas de marcha, bancos traseiros com descansa-braço, chave do tipo presencial, controle de velocidade de cruzeiro e retrovisor interno eletrocrômico. As rodas da versão XR são de aro 17, enquanto as demais contam com rodas aro 18.
Dynamic Force
As versões a combustão surgem com motor 2.0 Dynamic Force , que repete a principal característica do sedã e proporciona bom desempenho ao SUV. Segundo a marca, o Corolla Cross desenvolve 177 cv de potência a 6.600 rpm e 21,4 kgfm de torque a 4.400 rpm, com câmbio do tipo CVT capaz de simular 10 velocidades.
Para o nosso primeiro contato com o Corolla Cross a combustão, a Toyota disponibilizou a versão XRE. Ficou claro que o SUV de 1.400 kg não sente o peso de sua carroceria na hora de acelerar forte, entregando torque cheio em rotações moderadas.
Na comparação com os rivais turbinados – Tiguan e 3008 – o Corolla Cross não dá solavancos ao pisar fundo no acelerador. A entrega de potência e torque acontece de forma linear e consistente, graças ao câmbio CVT.
Em velocidade cruzeiro, na faixa de 120 km/h, o motor Dynamic Force mantém o giro em 1.500 rpm, proporcionando suavidade e silêncio no habitáculo. Nas retomadas mais vigorosas, o som grave do propulsor invade a cabine, mas nada que seja muito incômodo.
Mais uma vez, a Toyota está de parabéns pelo ótimo câmbio sequencial Direct Shift. Assim como o sedã, o Corolla Cross pode reduzir da décima marcha virtual diretamente para a quarta sem solavancos, assegurando o conforto dos ocupantes.
Da mesma forma, sua transmissão conta com uma “primeira marcha” para compensar a ineficiência dos modelos CVT na hora de sair da inércia. Assim que o Corolla Cross atingir 15 km/h, o câmbio continuamente variável será conectado por um conjunto de embreagens magnéticas. É o melhor dos dois mundos.
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Os híbridos
Morrendo de amores pelo modelo 2.0 Dynamic Force , chega a hora de testar as versões híbridas XRV e XRX com motor 1.8 flex do Corolla Altis. Assim como na versão a combustão do SUV, já sabia o que esperar da dirigibilidade do modelo híbrido com base na minha experiência prévia com o sedã. Mas antes, eis uma breve passagem pelas diferenças entre os modelos XRE e XRV .
O Corolla Cross XRV híbrido tem algumas mudanças de visual, como a grade superior dianteira pintada de cinza escuro e moldura superior das janelas com acabamento cromado. Entre os equipamentos, o modelo híbrido integra controle de velocidade de cruzeiro adaptativo (ACC), assistente de colisão frontal e sistema de frenagem eletrônica. O painel de instrumentos também é diferente, reproduzindo informações do sistema híbrido.
Também vale dizer que o modelo XRV híbrido perde o paddle-shift para trocas de marchas sequenciais, equipamento exclusivo do Toyota Corolla Cross XRE movido apenas a gasolina.
Para o modelo XRX híbrido, a Toyota acrescentou teto-solar, cluster 100% digital com tela de 7 polegadas, ar-condicionado de duas zonas, banco do motorista com regulagens elétricas e acabamento especial com tonalidade caramelo. Já a versão Special Edition , restrita a 1.200 unidades, tem carregador de celular por indução, estribo lateral e soleira nas portas.
A dirigibilidade do Toyota Corolla Cross com motor 1.8 híbrido flex é bem diferente na comparação com o modelo a combustão. Aqui temos 101 cv de potência a 5.200 rpm e 14,5 kgfm de torque a 3.600 rpm, operando em conjunto com os 72 cv de potência e 16,6 kgfm desenvolvidos por dois motores elétricos.
No lugar do câmbio Direct Shift, a Toyota instalou a unidade Hybrid Transaxle CVT com quatro modos de condução. Neste caso, o objetivo é priorizar a suavidade e a economia de combustível na cidade, comprometendo o desempenho do SUV.
SUV do futuro
Dirigir um carro híbrido é muito divertido, ainda mais com a possibilidade de brincar com vários modos de condução. Como o Corolla Cross não é um veículo Plug-In – ou seja, não pode ser carregado na tomada – o jeito é aproveitar a energia cinética gerada pelas frenagens para recarregar sua bateria.
Se você estiver descendo a serra do mar para curtir o fim de semana com a família, basta selecionar o modo de condução Eco. Dessa forma, o Toyota Corolla Cross irá frear automaticamente para estimular a recarga da bateria que abastece o motor elétrico.
Assim como o sedã, o Corolla Cross híbrido também sofre durante as acelerações mais fervorosas. Vale lembrar que ele é 50 kg mais pesado que sua versão a combustão por conta dos motores elétricos.
Conclusão
Se o Jeep Compass teve vida tranquila no Brasil ao longo dos últimos quatro anos, o mar está para mudar. O Toyota Corolla Cross pode não atingir o volume de vendas do rival – muito impulsionado pelas vendas diretas – mas chega com afinco para brigar por uma grande fatia do mercado.
Entre as quatro versões, fiquei mais balançado pelo modelo XRE com motor 2.0 Dynamic Force. Espero que um dia a Toyota considere lançar versões mais equipadas do Corolla Cross com este conjunto mecânico.