Um grupo de médicos, enfermeiros e especialistas em saúde de Marília passou 15 dias em intercâmbio de trabalho voluntário nos Estados Unidos para acompanhar projetos de atendimento a pacientes com Alzheimer e voltou com uma constatação: já existem na cidade todos os medicamentos, todos os procedimentos médicos e todas as possibilidades de tratar os sintomas e efeitos da doença – que não tem cura.
O que falta é a estrutura e o suporte que poderiam mudar a vida de famílias e doentes, facilitar o trabalho das equipes médicas e garantir muito mais qualidade de vida.
LEIA TAMBÉM
– Entenda como estrutura muda o atendimento
– Programa do Rotary permitiu viagem
A viagem foi organizada graças ao suporte do Rotary Internacional e ação combinada entre dois clubes, o 4510, que envolve a região de Marília, e o 7710, da Carolina do Norte (EUA).
A avaliação final permite avaliações otimistas ou pessimistas, de acordo com o leitor. O segundo grupo pode pensar que não há mesmo nenhuma novidade que vá mudar uma situação difícil, que além da perda de saúde para o paciente desestrutura familiares. Os otimistas ganham esperança: há muito a melhorar no dia-a-dia de seus doentes.
“Visitamos hospitais, centros de atendimento, atividades especiais. E o que posso concluir é: o tratamento em si é a mesma coisa, foi um encontro para reforço de condutas, estamos no caminho certo”, disse o geriatra Valdeci Oliveira Santos Rigolin, um dos integrantes do grupo, professor na Famema, médico no HC e há seis anos voluntário no Asilo São Vicente de Paulo.
Rigolin mostrou-se surpreso apenas com a estrutura, o suporte técnico e físico aos pacientes e aos profissionais. Centros de apoio particulares ou públicos reúnem equipes multidisciplinares, quartos para dois pacientes, altíssimos padrões de equipamentos, conforto e atendimento.
“As públicas têm estruturas mais simples, é claro. Mas ainda assim são estruturas diferentes do que podemos oferece não só em Marília, mas no Brasil”, explicou.
É um caso em que dinheiro faz a diferença: camas adequadas, bibliotecas, atividades lúdicas, equipamentos de fisioterapia, jardins, confortos em salas de sociabilidade e volume de profissionais são situações que tornam o atendimento diferente, com as mesmas condutas.
Sobram exemplos. O Asilo São Vicente, onde Rigolin atua, tem estruturas como tabuleiro gigante de damas e livros com projeto “leitor de histórias”, em que pessoas leem e estimulam cognição de idosos que não podem ou não conseguem mais acompanhar livro. Não há equipes para jogar ou ler.
Nos Estados Unidos as equipes estão nos Nurse Homes – casas de enfermagem, como são chamados os asilos e centros de atendimento. Há médicos em diferentes especialidades, fisioterapeutas, nutricionistas com suporte permanente.
Atividades de fisioterapia, por exemplo, contam com salas com vários equipamentos, muitas bolas de pilates, por exemplo, e profissionais de apoio para que muitos idosos possam usar e ser atendidos, inclusive na cama nos casos em que já não há mobilidade.
A realidade da região – e do país – e de um funcionário para 15, 20 ou mais pacientes. A conduta é o mesmo, o atendimento não por falta de estrutura.
“O que eu posso dizer depois do que vi é de solidão no atendimento, eu, outros profissionais, sós.”