O objetivo das pistas hoje é reproduzir obstáculos encontrados na rua. O estilo preferido é o street, diferente das manobras em rampas que aparecem em alguns torneios, a prática tem manobras aliadas a travessias de espaços que reproduzem degraus, calçadas, corrimão de escadarias.
Thiago começou com um skate do camelódromo, mas não recomenda. Entre a época que ele começou e agora o skate evoluiu muito, ganhou tecnologia, materiais e fabricantes, com bons produtos em preços mais baixos. Ainda são mais altos que os dos camelôs, mas pode compensar.
Um bom skate completo pode ser comprado na faixa de R$ 179,00. A diferença está na leveza, na resistência das peças, na mobilidade. “um skate ruim não vai permitir as manobras e aí a criança pode ficar decepcionada, desestimulada. Ela vê todo mundo fazendo e pensa ‘por que eu não consigo?´, pode ser o skate.”
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Não há idade para começar a praticar. Alguns dos pioneiros do projeto já estão casados, com filhos. “Tem um amigo da gente que põe o filho de 3 anos no skate e você não acredita o que aquele moleque faz.”
Diferente das rampas, não há quedas de grandes alturas, apesar dos riscos de lesões em caso de erros nas manobras. Sem as grandes quedas, no dia-a-dia da pista não aparecem com capacete ou cotoveleiras, O estilo é mais tradicional do skate: bonés, camisetas largas, calças jeans e tênis. Alguns agregam acessório básico da prática: fones de ouvido e música alta.
O grupo começou a praticar usando as calçadas da avenida Durval de Menezes. Mas ali a vizinhança não aprovava. Tinham que dividir espaço com as famílias caminhando e com o movimento da rua.
Fotos: Nilo Pavarini/Giro Marília
Willian Chapolim, skate desde os 16
“Skate batia na canela de gente andando ou ia para rua e passava carro em cima. Era problema. Aqui a gente virou solução”, conta Willian Chapolim, 27, um dos muitos parceiros de Thiago no projeto e em outras atividades, como Paintball. Chapolim tem 27 anos, pratica skate desde os 16 e também coleciona medalhes e histórias. Mas gosta de falar da evolução da prática.
“Falta incentivo, patrocínio mesmo. Aparece muita gente boa aqui e precisa bancar skate, roupas, viagens para os torneios. A maioria aqui é humilde e tem gente com capacidade para viver disso.”
Willian diz que a mídia, os torneios e o perfil de quem pratica estão mudando a imagem d skate e dos skatistas. “Tinha muito preconceito, mas está diminuindo, cresce o mercado, mais gente pratica, há mais propaganda.”
Ele lembra ainda que o skate vai muito além das manobras na pista, como no caso do bairro. Foi caminho para transformar região abandonada, em muitos espaços o skate está ligando à arte urbana, à preservação ambiental, a projetos sociais e de direitos humanos. “Tem bastante luta aí.”