Pode ser transporte, esporte ou estilo de vida. Na zona sul de Marília ele é mais que tudo isso. O skate é um transformador de pessoas e de espaços coletivos. Praticar o estilo – ou o esporte – está devolvendo para a comunidade uma área em torno do poliesportivo Otavio Barreto Prado, o Tatá, que era ocupada por usuários de drogas, andarilhos e pequenos crimes.
Por trás desta revolução urbana está um grupo de amigos que começou o trabalho procurando espaços para andar de skate no bairro Nova Marília. Um destaque nesta história é Thiago Gonçalves, 26, morador do bairro, skatista de sucesso que faz da prática uma profissão. E voltou para ajudar o bairro.
“Era uma área abandonada. Quando a gente começou a ocupar o espaço muita gente tinha até medo, as mães não deixavam os filhos vir para cá. Hoje a vizinhança curte nossa presença, sabe que com a gente aqui é outro tipo de uso, você vê muitos meninos praticando com a gente, aprendendo, ocupando aqui tempo que era ocioso”, explica Thiago.
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Segundo ele, já há casos de pessoas que estão usando a pista como suporte em tratamento para deixar drogas. Thiago não vê o skate como esporte – “não tenho técnico, não fico aqui torcendo para que um adversário perca ou se machuque, quando alguém faz uma manobra legal, todo mundo aplaude, skate é estilo de vida.”
O espaço é abrigo para grandes eventos, que unem campeonatos, shows, divulgação de artes e cultura urbana, como hip hop e grafite. O próximo campeonato ´o 8 Dean Contest – deve reunir centenas de pessoas no final deste mês – dia 29, a partir de 10h, na quadra do poliesportivo. Ou no Tata Skate Park, como eles preferem chamar. O vencedor leva prêmio de R$ 3.000 na categoria amador. Os torneios geralmente envolvem brindes, shows, um dia de atividades.
O Recreio Urbano, um festival que traz para a cidade skatistas profissionais patrocinados por grandes marcas música e diferentes formas de expressão cultura chega a reunir 5.000 pessoas. As inscrições são abertas, com uma taxa que ajuda a financiar o evento – o custo pode chegar a R$ 15 mil – e a duração do torneio depende do volume de inscritos.
A pista ocupa metade de uma quadra descoberta no poliesportivo. Nos finais de semana, os skatistas dividem o espaço com jogos de basquete e participam. Há muita integração. O projeto já chegou a fazer encontros na zona norte, onde Thiago diz que poderia haver espaço semelhante. “Falta incentivo.”
Isso não tem impedido participação de skatistas de todos os bairros. A zona sul recebe a cidade toda. “Vem gente de todo lado. Todo dia depois das 17h e nos finais de semana enche de gente.”